Opinião
A urgente “lição de casa” do saneamento em Alagoas
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“Não dá para encher um balde furado”. A metáfora, muito utilizada pelos gestores para mostrar a importância de uma empresa saber estancar suas perdas, tem sentido literal quando se fala em saneamento: não dá para pensar em universalizar o acesso a água sem antes estancar o assombroso desperdício que ocorre no Brasil entre o que sai das estações de tratamento e o que consegue chegar às torneiras dos consumidores.
De acordo com levantamentos do Instituto Trata Brasil, em Alagoas, a cada 10 litros de água captada e tratada, cerca de 4,7 litros se perdem pelo caminho em vazamentos nas tubulações desgastadas ou são desviados ilegalmente – índice de perda que consegue ser ainda maior do que a média brasileira, de 3,9 litros.
“Tapar os buracos desse balde” – ou, melhor –, combater as perdas aparentes do sistema de distribuição, reparando vazamentos, aferindo corretamente e fiscalizando as ligações clandestinas é, portanto, a primeira etapa de “preparação do terreno” para as obras que estão por vir até 2033, quando teremos alcançado 100% de cobertura de água e 90% de redes de esgoto nos 34 municípios alagoanos atendidos pelo contrato da Águas do Sertão.
Desde março e durante os próximos meses, em uma grande força-tarefa que batizamos de “Vamos Juntos”, nossas equipes estão percorrendo rua a rua de cada localidade atendida para atualizar os dados dos clientes, substituir hidrômetros – a mais importante ferramenta de controle e de consumo consciente –, reparar vazamentos e fiscalizar ligações clandestinas. Desde então, mais de 75 mil serviços já foram realizados, com uma média de 524 ações por dia.
Nesses sete meses de operação, cenas de causar profunda indignação já foram consertadas por nossas equipes: de vândalos que perfuraram uma das redes principais de Poço das Trincheiras apenas para se divertir e “tomar banho”, deixando depois a tubulação jorrar cerca de 11 mil litros de água por hora até que se descobrisse o motivo de desabastecimento da região, à descoberta e retirada de um grande vazamento oculto que, por anos, drenava uma grande quantidade de água da parte alta de São Miguel dos Campos.
Com todo este mapeamento e trabalho de campo que está sendo realizado – apoiado por investimentos em tecnologia, extensões de rede e em equipamentos que já somam R$ 27 milhões –, estamos conseguindo fazer com que mais água esteja disponível para os alagoanos.
Sabemos que ainda há muito o que ser feito e estamos caminhando com grande motivação. E o motivo de termos nomeado nossa primeira grande ação de “Vamos Juntos”, é porque precisamos que todos estejam conosco nessa grande missão que inclui o alerta imediato de vazamentos nas vias públicas, a denúncia de fraudes e, claro, a educação para o uso consciente da água.