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Nº 5822
Opinião

As fugazes alegrias

MARCOS DAVI MELO* Quando chegamos à avenida o relógio marcava pouco mais de cinco horas da manhã, mas o sol avermelhado já mostrava que seria mais um dia de intenso calor. Logo, alguns foliões madrugadores foram chegando, com a primeira orquestra, que ch

Por | Edição do dia 05/02/2005 - Matéria atualizada em 05/02/2005 às 00h00

MARCOS DAVI MELO* Quando chegamos à avenida o relógio marcava pouco mais de cinco horas da manhã, mas o sol avermelhado já mostrava que seria mais um dia de intenso calor. Logo, alguns foliões madrugadores foram chegando, com a primeira orquestra, que chegou perto das seis horas da manhã e a última só após as 9 horas, quando já avaliávamos a possibilidade de sairmos com uma orquestra a menos. Presente a orquestra retardatária, pipocaram os fogos anunciando a saída do bloco e começamos o deslocamento da Pajuçara em direção ao Alagoinhas. Pouco tempo depois tivemos que parar: o trator que puxava a Pintoca havia quebrado. Daí em diante, o desfile foi uma alegria para os foliões e um sufoco para nós. O trator voltou a quebrar tantas vezes que perdemos a conta. Tacitamente já tínhamos concluído que se houvesse uma quebra definitiva, não haveria outra solução que não o restante do bloco passar ao lado da Pintoca e terminar o desfile sem a mesma, esta que é uma das maiores atrações do Pinto, com sua orquestra e coral afinados. E isto quase aconteceu em uma das quebras já nas imediações do Iate Clube, naquele momento a recuperação do veículo foi tão demorada e a hora já era tão avançada que realizamos uma complicada operação de passagem da primeira orquestra que vinha atrás da Pintoca para frente da mesma, com os foliões sem entender o que se passava. Felizmente, o último conserto foi feito e o trator terminou bravamente o desfile. Este ano, o Pinto da Madrugada esteve mais bonito e alegre do que nunca: muitas fantasias variadas e coloridas, inúmeros e criativos blocos, como o Urubus do Salgadinho; famílias inteiras, com avós, pais e netos. Mais uma vez, a marca do bloco ficou registrada: muita alegria, espontaneidade e nenhum episódio de violência. Durante o percurso, muitos abraços, beijos, demonstrações de euforia por parte de amigos, colegas, desconhecidos e até de algumas pacientes, que em plena folia, nos bafejavam com generosas e eufóricas atenções. Mas o carnaval é como a vida, lá, em plena explosão da alegria, uma informação triste confidencialmente nos alcançou e nos fez ver a relatividade de tudo. A alegria que se procura no carnaval, companheiro, infelizmente, não está sempre presente em nossos corações, mas vem da necessidade que os homens sempre tiveram e terão de superar as imensas limitações da precária condição humana. Esta condição que levou Seneca a exclamar: “Uma vez ao ano é permitido perder o juízo”. Mesmo que seja com tempo certo para começar e terminar e com consciência de que isto é bom para o equilíbrio mental. (*) É MÉDICO

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