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Nº 5814
Opinião

Lista da omiss�o

RONALD MENDONÇA * Ignora-se o número exato de fugitivos dos presídios brasileiros, e em particular dos alagoanos, nesses últimos dois anos. A princípio, os jornais falavam em 32, mas na verdade parece que foram 23 que conseguiram escapar pelos esgotos do

Por | Edição do dia 27/04/2002 - Matéria atualizada em 27/04/2002 às 00h00

RONALD MENDONÇA * Ignora-se o número exato de fugitivos dos presídios brasileiros, e em particular dos alagoanos, nesses últimos dois anos. A princípio, os jornais falavam em 32, mas na verdade parece que foram 23 que conseguiram escapar pelos esgotos do frágil Baldomero Cavalcanti. Dizer que é alarmante, vergonhoso e que causa incredulidade a repetição dessas cenas é chover no molhado. De antemão se sabe que ninguém gosta de estar privado da liberdade, do direito de ir e de vir por onde bem entenda, tanto é que os estudiosos do assunto propalam que fantasias de fuga estão presentes na totalidade dos presidiários. É evidente que apenas uma parte investe pesadamente nessa tarefa. O assunto é tão polêmico que “libertários” de plantão costumam defender cárceres sem grades e sem vigilância, quem sabe até sem presos. Tudo em nome do amor, dos direitos humanos e da moderna psicologia. Contudo, é bom lembrar de que os criminosos têm a liberdade cerceada como uma punição (castigo mesmo) pelos atos que cometeram e também como uma garantia de que a comunidade ficará resguardada de suas nefastas presenças, pelo menos por algum tempo. Pensar que presídio reeduca, reabilita essa turma para a sociedade é canção pra boi dormir. O fato definitivo é que a coisa virou deboche. Recentemente, por exemplo, depois de ter sido preso pela polícia alagoana, um perigoso marginal ligado ao PCC – ele mesmo protagonista de uma fuga cinematográfica com helicóptero -, após jogar incenso na nossa polícia, desafiou publicamente o sistema carcerário brasileiro ao jurar que não demoraria na prisão, prometendo até vir passar o Natal conosco, “nessa terra assaz hospitaleira”. Felizmente, para nós todos, o diabo o carregou antes. Esquecendo dos helicópteros, uma análise, por mais amadora que seja, põe em evidência que não passam de cinco ou seis os métodos utilizados nas evasões aí incluídos: escavações de túneis, através das tubulações dos esgotos (que obviamente deveriam ter diâmetros reduzidos), o clássico sistema de serrar as grades, o surrado uso de lençóis e, durante as visitas. É claro que tudo fica muito mais suave quando o pessoal da segurança resolve dar uma mãozinha. Por isso não deixa de ser um grande enigma a criminosa omissão que permite a recorrência desses fatos. Por ora, a situação não poderia ser mais crítica. Se já não bastassem as hordas de marginais soltos a assombrarem o dia-a-dia da cidade, somam-se agora 3 dezenas de fugitivos – “doutores” do crime – a levarem ao paroxismo do pânico o cidadão comum. Como pano de fundo dessa calamidade pública ainda há os que se jactam de estar, incólumes, sob o confortável edredon dos poderosos. Para finalizar, uma pergunta: daria para publicar a lista dos fugitivos? (*) É MÉDICO E PROFESSOR DA UFAL – [email protected]

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