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Transtorno sensorial é desconhecido e gera preconceitos ao classificar

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Apesar de cada vez mais pesquisada, ainda há muito para se desvendar sobre os segredos da mente humana. Recentemente, a atriz Giovanna Ewbank divulgou o diagnóstico de seu filho, Bless, 8 anos, em um podcast, para uma síndrome chamada de “Transtorno de Processamento Sensorial”, ainda pouco conhecida da população e, muitas vezes, tratada como “preguiça” ou “frescura” pelos pais e familiares.

A verdade é que esse transtorno afeta os sentidos básicos do ser humano, ou seja, a visão, audição, olfato, paladar e o tato, fazendo com que o cérebro processe as informações captadas por esses sentidos de maneira diferente da considerada senso comum. No caso de Bless, a mãe dele contou que, durante a pandemia, passou a observar que ele passava muito tempo “aéreo”, fazendo coisas estranhas, até que, após consultas com especialista, foi diagnosticado o transtorno e, dessa forma, a criança escuta e sente mais os cheiros que o normal, provocando muitos incômodos. Além desses sintomas, os portadores desse transtorno ainda podem ser agitados ou sempre sentirem necessidade de estarem em movimento, parecer desajeitadas ou sem equilíbrio, se recusarem a comer certos alimentos por conta da mastigação, demonstrarem hipersensibilidade à luz, não gostarem de serem tocadas ou de sujarem as mãos, se sentem desconfortáveis com determinados movimentos e terem dificuldades para aprender coisas, como subir e descer escadas e, até mesmo, se acalmarem após atividades. Os motivos são desconhecidos e podem acometer crianças e adultos e, até mesmo, afetar um ou mais sentidos, ao mesmo tempo, como no caso de Bless. Os problemas com a visão costumam ser os mais comuns, principalmente, entre indivíduos com o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Às vezes, os profissionais estão tão acostumados com os diagnósticos mais corriqueiros da psicologia que acabam fechando o leque para diversos outros problemas da mente humana. O alerta está no fato de ser essencial manter um bom convívio em sociedade e isso não exclui a possibilidade de outras causas envolvidas. O diagnóstico para o transtorno requer uma ação conjunta. Primeiro, os pais e a escola devem ser ouvidos para o psicólogo entender, através da percepção dessas pessoas, como é o comportamento e desenvolvimento da criança. Os testes e questionários específicos também servem para dar um apoio durante a avaliação. Os transtornos sensoriais apresentam diversos tipos de características, classificações e categorias. Alguns exemplos são a modulação sensorial, quando o sujeito, sequer, sabe como classificar uma dor e, até mesmo, os motores com base sensorial, que causam a dificuldade de absorver as informações do próprio corpo. A situação apenas reforça a importância da identificação precisa, possibilitando um tratamento mais assertivo com um terapeuta ocupacional, associado à uma prática de Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), auxiliando nos sintomas relacionados, como depressão e isolamento. Se os aspectos forem mais acentuados, um fisioterapeuta, psicomotricista e, até mesmo, um fisiatra pode ser necessário. A percepção do comportamento das pessoas é crucial. Uma condição neurológica é complexa, envolvendo o funcionamento do corpo e, muitas vezes, fora de controle, sendo importante nunca julgar ou fazer de suas ações uma chacota, evitando restringir os sintomas, mas, sim, analisá-los e, se necessário, buscar um atendimento especializado.

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