Opinião
AUTOR DA SUA PRÓPRIA HISTÓRIA .
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Dizem muito bem, Rodrigo Leite e Serginho Mereti, na letra da música Clareou: ¨A vida é pra quem sabe viver, procure aprender a arte. Pra quando se abalar, não se abater, ganhar e perder, faz parte¨. É aparentemente simples mas, de grande profundidade, essa afirmação de que a vida é para quem sabe viver pois, saber viver é, realmente, uma arte.
Sabemos que vida é a nossa trajetória, nossa viagem, que ela é única para cada pessoa, com início, meio, fim e que ocorre, independentemente da nossa vontade, concluímos que já nascemos com o chip do destino e da data de validade, implantado em alguma parte do nosso organismo e não temos conhecimento, pelo menos até a presente data, da existência de algum sensor capaz de lê-lo.
Somos colocados, na estação de partida, onde embarcamos no trem da vida, numa viagem desconhecida, repleta de passagens, de paradas, estações, as mais diversas, nas quais temos a obrigação de descer e a oportunidade de observar, assimilar e tudo conhecer, permanecendo lá, apenas o tempo determinado pelo condutor do comboio.
Partimos, rumo ao inesperado, cumprindo rigorosamente a programação, cujo roteiro desconhecemos. Com cada experiência, vamos aprendendo coisas novas, adquirindo, além de conhecimentos, bens, hábitos e costumes que vão sendo armazenados, devidamente guardados em nossa bagagem que, a partir de uma simples mochila, quase vazia, recebida no ponto de partida, vai crescendo, e segue aumentando, tornando-se cada vez maior e mais pesada, a cada parada, a cada estação.
E assim, seguimos viagem e ao tempo em que vamos amadurecendo, começamos a usar e por em prática tudo o que adquirimos e aprendemos, a partir primeira estação e, automaticamente, de forma intuitiva, começamos a separar toda a nossa bagagem em volumes diferentes, de acordo com os usos e as necessidades: o que usaremos frequentemente; esporadicamente; o que não mais usaremos.
Apendemos a ser seletivos, a descartar o desnecessário, guardando, com bastante cuidado, o que nos é caro e precioso, o que realmente importa e faz a diferença em nossa existência.
Mas, o que importa realmente? Será que aprendemos a guardar na mala principal, a de uso diário, o que realmente é importante para a nossa vida? Será que já evoluímos ao ponto de entender que esse volume, embora seja o principal, o de uso permanente, será o maior deles ou, simplesmente, o mais valioso?
Tenho absoluta certeza de que não é, fisicamente falando, o maior dos volumes da bagagem e sim, o menor mas é indiscutivelmente, em relação ao seu conteúdo, o mais importante deles, aquele onde são guardadas as joias, as riquezas mais preciosas que herdamos ou adquirimos durante a viagem e que queremos preservar e passar adiante, para quem mereça receber.
Embora possa parecer que somos adeptos da corrente dos que dizem que, já que tem que ser, que assim seja, vamos esperar para ver o que vai acontecer, saibam, os que assim pensam, que não é esse o meu entendimento sobre o que é essa grande viagem e qual o nosso papel nesse contexto.
Temos sim, consciência de que a estação final existe, embora não saibamos qual é, nem quantas paradas, cada um de nós terá o direito de fazer, até chegar ao fim da linha, à última estação. Entretanto, tenho absoluta convicção, de que nesse trajeto, existem diversos desvios e que a alavanca que seleciona qual será o caminho escolhido, para ser seguido, está em nossas mãos.
A isso, chamamos de livre arbítrio, a capacidade de decidir, que tem o ser humano, pensante, racional, de impor a sua marca, fazendo a diferença na escolha e definição da sua trajetória. Embora não possamos mudar o destino, poderemos escolher o melhor caminho, a melhor opção para chegarmos, de forma íntegra, absoluta e gratificante, à estação derradeira.
Essa prerrogativa pode até parecer insignificante, diante do fato de não podermos escolher o destino final. Entretanto, as viagens são as nossas vidas e terão a duração previamente determinada, podendo serem curtas, médias, longas ou até bastante duradouras, mas, de uma forma ou de outra, serão vividas, isso é fato.
A forma como iremos enfrentá-las, bem como o estado em que chegaremos à derradeira estação é o que realmente importa e que nos dá tranquilidade e, ao mesmo tempo, a certeza da importância de escolhermos os desvios corretos, que tornem as nossas trajetórias prazerosas, acima de tudo, felizes.
Vamos colocar o amor e a razão, combustíveis necessários para obtermos realização e atingirmos a felicidade plena, em nossos corações, mantendo-os bem guardados, naquela pequena malinha das preciosidades, que deverá estar sempre ao nosso alcance, se possível, até presa ao nosso braço, através de algemas, para que não a percamos de vista um só momento nem sejamos surpreendidos com algum imprevisto desagradável.
Nós somos os responsáveis por nossas conquistas e realizações pessoais. Atingir a felicidade plena é objetivo fundamental de todo ser humano, aqui nessa passagem. Atingir ou não esse objetivo, será sempre o resultado das nossas decisões e escolhas.
Diante dessa constatação, torna-se imperioso entender ser inaceitável, obtermos satisfação em sermos, simplesmente protagonistas das nossas trajetórias. Embora alguns capítulos da vida, possam ser escritos a quatro mãos, não nos é dado o direito de sermos, apenas, atores mas sim, autores das nossas próprias histórias.