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....... A VELHICE EXISTE? ....

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Certo dia, alguém me perguntou se a velhice existe. Como não gosto do termo velho e, por esse motivo, evito usá-lo, tive, de imediato, a vontade de questionar a pergunta, mas insisti, para ver que rumo tomaria a conversa e, de acordo com minhas convicções, sabendo que a resposta iria chocá-la, afirmei que sim, que ela existe, caso contrário, não teríamos nada para descartar, para jogar fora, para por no lixo.

Ela, com uma expressão de espanto, perguntou se para mim, velho é sinônimo de lixo, de tudo o que não serve mais, cujo destino é o descarte. Respondi que sim, essa é a imagem que faço do velho e é assim que o defino. Se pessoa, é mantido isolado, como se não existisse. Se objeto, jogado entre as tralhas que aguardam seu destino final, por esse motivo, não gosto da palavra e evito usá-la.

Diferente de idoso, antigo, gasto, usado, que embora nos situem cronologicamente no horizonte temporal compatível com nossa data de fabricação, não fazem referência ao prazo de validade. Pessoas e coisas podem ser idosas, antigas, usadas, estando em perfeitas condições de uso e produzindo de forma satisfatória, tanto do ponto de vista físico, como mental. Já o que é velho, na minha concepção, não tem mais serventia.

O mestre, da escola da vida, é o tempo e ele nos ensina que, para compreendê-la, devemos olhar para o passado, entretanto, para vivê-la, temos quer olhar sempre para frente.

Tornamo-nos velhos por não amadurecermos, insistirmos em permanecer fechados, radicalmente presos a conceitos arcaicos, ultrapassados, resistentes a se abrir para novas ideias e experiências. Passamos à categoria de velhos quando entregamos os pontos e deixamos de lutar. A vida não é curta, muito embora existam pessoas que morrem para a vida, pois, não enfrentam o inesperado, esse universo de interrogações que alimentam, exercitam e excitam o nosso imaginário, tornando a vida, estimulante.

Não sei se respondi à sua pergunta, falei, dirigindo-me à interlocutora, na esperança de ouvir algum comentário sobre as minhas convicções e colocações que, algumas vezes, até a mim mesmo, surpreendem.

Quem sabe, ela me achou meio alienado, fora de órbita, anormal e, se assim for, não será surpresa, terá todo o direito.

Para minha satisfação, sua reação foi diferente da que imaginara. Entendendo meus argumentos, sentiu-se mexida, propensa a rever seus conceitos e reconquistar a saudável curiosidade e o gosto pela vida.

Viver é uma arte. Queiramos ou não, somos todos artistas, interpretes dos nossos próprios papeis, sobre os quais nada sabemos, a não ser o que já encenamos, no decorrer da vida.

O futuro é uma interrogação, cujo desenrolar não conhecemos. Seremos sempre atores do improviso, sem script, no cenário da vida, que segue a favor do vento, do tempo e do Diretor e Autor da história, o único que tudo vê, tudo sabe, conhece nosso roteiro e consegue antevê trajetórias, desempenhos e o verdadeiro desenrolar dos fatos.

Devemos fazer da passagem do tempo uma conquista, não uma perda. A velhice existe, mas não em função da idade que temos. Ela é uma questão de opção. Escolher viver e deixar fluir, deixar a vida acontecer é o segredo da maturidade pró ativa, do envelhecimento almejado, sem traumas, sem culpas, sem remorsos.

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