Opinião
Modos de educar

MILTON HÊNIO * A educação moderna é interpretada de modo muito avançado por certos pais em alguns lares que consideram tudo como natural diante dos filhos, em perceber que podem causar, involuntariamente, problemas psicológicos para o futuro dos meninos. Um desses pontos é o que se refere à nudez excessiva dos pais com os filhos, estudados e pesquisados muito bem por dois grandes psicólogos de fama internacional: dr. Haim Ginnot e Melaine Klein. Diziam eles em suas observações que o modernismo leva ao exagero a tal ponto que muitos lares lembram uma colônia de nudismo. E continuam: os pais e as crianças que são criados nessa liberdade não estão livres dos sentimentos de culpa e da preocupação que lhe trazem o corpo humano. No início do século XX surgiram as primeiras conquistas na educação sexual que pareciam libertar os indivíduos de todo o artificialismo e puritanismo existentes até então, aconselhando os pais a serem naturais em relação ao seu corpo e sexo, de tal modo que os filhos fossem crescendo e considerando normal a visão dos pais e de todo o seu corpo despido. Nesse ritmo de educação nova, altamente explorado por jornais, revistas e livros, tentava-se explicar aos pais que o fato de os filhos os verem nus era perfeitamente aceitável, evitando-se, assim, os recalques prejudiciais. No entanto essa orientação representava uma reação aos puritanos do século XIX e não uma reação exata à psicológica do assunto. Dizem esses dois grandes psicólogos em seu trabalho: Na infância a mente é um receptáculo de estímulos ilimitados e a vista e o contato com os seios nus da mãe estimulam uma reação normal que mais tarde ninguém sabe como seria. A visão de um pai despido ou de uma mãe assim pode estimular excitações que ficarão impregnadas na mente infantil. Perguntará você? Quer dizer que vamos voltar à época de pudor vitoriana? Absolutamente não. Que lhe responda o professor Haim Ginnot: Precisamos ter momentos privados, não só por um pouco de paz, mas por causa do desenvolvimento normal da criança. Podemos tolerar a intromissão e os olhos dos nossos filhos quando estamos tomando banho ou trocando de roupa, mas não devemos encorajar tal procedimento. Devemos sim, ser cuidadosos em não deixar a criança acreditar que ela nos explore. As crianças são curiosas em relação ao corpo humano, já observaram a diferença entre menino e menina; já nos viram, algumas vezes, mas gostariam de ver ainda mais. É melhor reconhecer a curiosidade deles, mas insistindo em nossa vida privada. Dirá o pai: Você quer saber como são os mais velhos não é, mas no banheiro, prefiro ficar só. Eu direi como são os mais velhos, mais tarde. Esta resposta não ataca ou bloqueia a curiosidade; somente a leva para caminhos socialmente mais aceitáveis, ao invés de tocar e olhar, a curiosidade será satisfeita por palavras. Portanto, considerando que cada criança tem uma reação individual própria, tem seus caracteres hereditários próprios e suas reações sensoriais muito íntimas, estes psicólogos concluem seu trabalho achando que os pais devem ser moderados na amostra de seus corpos aos filhos. Todos temos, em qualquer época de nossa vida, problemas, decepções, frustrações, tristezas. São inevitáveis. Fazem parte de nossa caminhada terrena. Não há sabedoria que possa evitá-los. A sabedoria está em termos paciência, calma, para dar solução aos fatos que vão acontecendo. O mundo está mudando e temos que mudar com ele, dentro dos limites da ética. Felicidade não quer dizer ausência de problemas, mas condições para resolvê-los. Todos temos oportunidades e limitações. O desafio da vida é uma constante e como vivemos em comunidade, cada pessoa pensa e age a seu modo. Assim, temos que pedir a Deus como o servo citado no Evangelho: tenham paciência comigo. (*) É MÉDICO [email protected]