Construtores de Alagoas (VII) .
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Por Laurentino Veiga – ex-professor de Economia do Cesmac | Edição do dia 05/09/2023 - Matéria atualizada em 05/09/2023 às 04h00
José Ezechias da Rocha, médico geriatra, Senador da República, Deputado Estadual, originário de Major Izidoro, poeta, membro da Academias Alagoana de Letras, do vetusto Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, integrante da Federação das Academias de Letras do Brasil. Cursou a Escola Superior de Guerra, colaborou com o extinto Jornal de Alagoas, criado pelo pernambucano Luís Silveira (31.05.1908), usando os pseudônimos: Frei Francisco, Paulo Bruno e Alexandre Zabelê.
Clinicou no Rio de Janeiro. Fora anotado no seu bloco receituário os seguintes conselhos: l. Saúde e Paz - os dois melhores bens deste velho mundo atribulado; 2. Não engorde, meu amigo: A obesidade é a mãe de várias doenças grave; 3. Sal é bom, mas quanto menos, melhor; 4. Meça sua pressão arterial todos os meses. Doença traiçoeira a hipertensão; 5. Coma pouco e ande muito. Quem anda, não desanda; 6. Cebola e alho são remédios eficazes. Eu atesto; 7.Quem muito come, se consome; 8. Açúcar - ótimo aliado dos dentistas e bom amigo dos médicos; 9. Fumar - elegante meio de envenenamento a longo prazo; 10. Dance muito. Ótimo para o corpo e para e para o espírito.
O Soneto de sua autoria, publicado no número cinco da Revista da Academia Alagoana de Letras, revela a origem de sua vocação de trovador:
“Numa longíqua terra ensolarada/ Num oito de dezembro nordestino/ Nasceu, faz muitos anos, um menino/ às primeiras cantigas da alvorada/ E foi tal alvoroço, nesse dia/ Da alegre passarada cantadeira/ que aprendeu o garoto a cantoria / E ficou a cantá-la a vida inteira. E hoje ainda, no fim da caminhada/ Aqui, alí, na pedregosa estrada/ Um punhado de trovas vai deixando/ Como tenho cantado nesta vida! / Mas, quanta, quanta lágrima escondida / Nessas cantigas que eu andei cantando”.
O excelso esculápio, amante do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, durante sua profícua existência devotou-se ao bem comum, fundando o curso de medicina de Alagoas. Deixando, assim, marcas indeléveis de sua honrada profissão. Sua recepção na Academia Alagoana de letras teve grande repercussão no campo intelectual desta capital.
Em seu discurso de posse, foi saudado por Jaime de Altavila. Sendo calorosamente aplaudido. Notabilizou-se quer como médico, quer como poeta. Na naquela festiva ocasião proferiu: “Eu também faço verso, e; como Machado de Assis, creio nas musas como uma das coisas melhores da vida: jamais apostarei dessa crença.”