CENÁRIO PIORADO .
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Por Editorial | Edição do dia 12/09/2023 - Matéria atualizada em 12/09/2023 às 04h00
CENÁRIO PIORADO
Na semana passada, inundações causadas por fortes chuvas e por um ciclone extratropical deixaram ao menos 41 pessoas mortas no Rio Grande do Sul e uma em Santa Catarina, além de milhares de desalojados e desabrigados.
Ciclones extratropicais como esse se formam praticamente todas as semanas no Oceano Atlântico, segundo meteorologistas. Entretanto, para alguns especialistas, as mudanças climáticas podem estar contribuindo para o surgimento de ciclones extratropicais atípicos, mais intensos, que podem se formar com mais rapidez e causar impacto maior.
Há algum tempo cientistas têm observado que, em um curto período de tempo, o mundo vem assistindo a um aumento sem precedentes do número de catástrofes naturais, situação agravada pelas mudanças climáticas, e a ação humana pode piorar ainda mais o cenário.
Levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios mostra que, nos últimos dez anos, desastres naturais causaram R$ 401, 3 bilhões em prejuízos no País. O estudo contabiliza os danos com a interrupção do abastecimento de água e energia, em propriedades públicas e privadas, agricultura, comércio e indústria.
A seca e o excesso de chuvas são os desastres naturais mais registrados no Brasil. No período analisado, de janeiro de 2013 a fevereiro de 2023, foram 59.311 decretações de situação de emergência e calamidade pública. O estudo indica que mais de 2,2 milhões de moradias foram danificadas, em 4.334 municípios (78% do total), sendo que 107.413 foram totalmente destruídas.
É preciso ressaltar que boa parte das tragédias não pode nem deve ser vista como fatalidades, pois na maioria dos casos podem ser previstas, evitadas ou, pelo menos, minorada. É, pois, necessário e urgente implementar políticas públicas voltadas para organização do espaço urbano, melhoria das condições de moradia e obras de saneamento básico.
Além disso, é preciso estruturas as coordenações de defesa civil de estados e municípios para que possam atuar adequadamente nas tragédias. O que não se pode é deixar que tragédias anunciadas continuem a ocorrer e as cenas tristes se repitam.