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Atrevidos Caetés .

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Não só porque hoje é sábado, como escreveu Vinícius de Moraes em seu poema “Dia da Criação”, mas porque hoje é sábado, 16 de setembro, dedicado à emancipação política de Alagoas e, aí, podermos começar o dia bem postados em frente ao mar da Pajuçara, com seus espumantes arrecifes e suas jangadas escutando Djavan: “Assim que o dia amanheceu/Lá no mar alto da paixão/Dava pra ver o tempo ruir”, e, para acompanhar, o livro “Atrevidos Caetés” do escritor e Procurador do Estado Fábio Lins, cujo estimulante prefácio é do acadêmico Diógenes Tenório.

Obra de fôlego, “Atrevidos Caetés” traz um apanhado de situações vividas nas Alagoas e por conterrâneos em suas vivências pessoais ou com figuras icônicas da história da humanidade, na política e na história: desde o Bispo Sardinha, supostamente devorado pelos Caetés, em Coruripe, em 1556, passando por Calabar, Zumbi,Visconde de Sinimbu, Barão de Penedo, Tavares Bastos, Floriano Peixoto, Deodoro, Dom Avelar Brandão Vilella e Arnon de Mello.

Sobre Tavares Bastos e Arnon de Mello, a obra realça a importância do primeiro como Pai do Federalismo nacional, uma das bases da democracia, ainda na vigência do Império, e sobre Arnon de Mello, destaca além de sua conhecida trajetória política, a sua performance como jornalista nacional e internacional, inclusive como sendo o primeiro jornalista brasileiro a entrevistar pessoalmente (e sem intérprete) o mais longevo presidente dos EUA e seu grande líder na Segunda Guerra Mundial, Franklin Delano Roosevelt.

Na ciência, na obra de Artur Ramos o Pai da Antropologia Nacional,e seus contatos com Freud, Nise da Silveira ,única mulher a se formar em sua turma e que revolucionou a psiquiatria brasileira, humanizando-a ao máximo e o pouco divulgado conhecimento enciclopédico do jurista Pontes de Miranda em ciências, inclusive seus debates com Einstein sobre a Teoria da Relatividade. Poder-se-ia perguntar aos eminentes intelectuais Diógenes Tenório e Fábio Lins, se, casos vivos estivessem Nise da Silveira e Pontes de Miranda, como tratariam os surtos de terraplanismo, negativismo e golpismo verificados no Brasil nos últimos anos?

As artes são também destacadas na obra. Tem lá muita coisa, mas nosso espaço é pequeno, daí, pesco dela apenas o Jararaca, autor da marchinha de Carnaval “Mamãe eu Quero”, uma das quatro músicas brasileiras (junto com “Garota de Ipanema”, “Aquarela do Brasil” e “Manhã de Carnaval”) mais tocadas no mundo, e Djavan, com “Amanhã, outro dia/Lua sai, ventania/Abraça uma nuvem que passa no ar/Beija, brinca e deixa passar”, com “Lilás”, um dos realces do livro “ Cor, Som e Sentido”, da acadêmica Heloísa Moraes, a maior estudiosa da obra do grande compositor alagoano. Ler “Atrevidos Caetés” é ótimo para a nossa autoestima.

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