Construtores de Alagoas (IX) .
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Por Laurentino Veiga - ex-professor de Economia do Cesmac | Edição do dia 19/09/2023 - Matéria atualizada em 19/09/2023 às 04h00
O saudoso general Nabuco Lopes, reitor da Universidade Federal de Alagoas, instituiu o concurso público a fim de trazer à tona a vida e obra do Dr. Antônio Guedes de Miranda, preclaro filho de Porto Calvo. Concorri ao certame literário e para minha surpresa, conquistei o primeiro lugar. O ensaio, por sua vez, mereceu a publicação pela Imprensa Universitária em 1978, no reitorado do inolvidável João Azevedo.
Nesse sentido, convidei o então Procurador da Fazenda Nacional, Paulo de Castro Silveira - Titular Emérito da UFAL, meu professor de Teoria Geral da Administração, para prefaciar o opúsculo com sua sapiência reconhecida. Ei-lo a dissecar seu querido colega com a maestria que lhe era peculiar.
“Diria melhor - o velho e querido mestre Antônio Guedes de Miranda, visto pelo moço Laurentino Rocha da Veiga, vindo do município de Paulo Jacinto, cheio de idealismo. O universitário que, aproveitando o embalo idealístico do reitor Nabuco Lopes, atendeu ao seu chamado, convocação cheia de alagoaneidade, e concorreu, nos idos de 1975, a um concurso literário da Universidade Federal de Alagoas, quando se obrigou a escrever um ensaio a respeito daquele advogado, poeta, pensador, membro do Ministério Público, professor, Chefe do Poder Executivo das Alagoas, e, sobretudo, um humanista. Humanismo que fez do excelso filho de Porto Calvo um CÍCERO nordestino. Como CÍCERO, Guedes de Miranda foi também jurisconsulto, escritor e político; ambos mestres da arte oratória, que empolgava as multidões romanas com suas Catilinárias ou as multidões alagoanas que abarrotavam os salões dos Tribunais do Júri e as praças públicas.”
No sumário da pequena obra, inseri as temáticas: Como se fosse um prelúdio, Um menino que nasceu poeta, O Jornalista, Um cordeiro que fingia ser lobo, O poeta moderno, O Administrador, o Jacarandá que tombou. Historiei a bem-sucedida trajetória daquele que descansa seu último sono numa cova rasa do cemitério de sua amada Porto Calvo.
Guedes de Miranda foi um vibrante jornalista, não só de toque tipicamente literário, aproximando-se da crônica, como exímio planfeitário. Viveu a época do coronelismo. E, ao mesmo tempo, fora poeta moderno. Escreveu seus poemas O Enigma Sou Eu e o Velho Mundo. Membro do vetusto Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, ajudou a criar a Academia Alagoana de Letras em 1919. Viveu como um sublime eleito de Deus. Um gênio glorioso.