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Nº 5901
Opinião

Construtores de Alagoas (XI) .

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Por Laurentino Veiga - ex-professor de Economia do Cesmac | Edição do dia 03/10/2023 - Matéria atualizada em 03/10/2023 às 04h00

José Maria de Melo nasceu no Engenho Flor da Penha, no município de Capela, no dia 17 de fevereiro de 1906. Filho do Senhor de engenho de açúcar José Ferreira de Melo e de Dona Maria Vitória, ambos ensinaram as primeiras letras na casa-grande do citado engenho. O político, o folclorista, o ficcionista, o romancista, José Maria de Melo contraiu núpcias com Dona Raquel Portela de Melo (1931); nascendo os filhos: Devis jornalista-advogado (falecido prematuramente) e Denis Portela de Melo, engenheiro-escritor com vários livros publicados. O último, Breve História de Viçosa.

Estudou no tradicional Colégio Liceu Alagoano, fez exames Preparatórios e, em 1925, ingressou na vetusta Faculdade de Medicina na Bahia, formando-se em Clínica Geral em 1930. Volta à terrinha em 1936, para exercer a honrada profissão de médico. Fora médico de minha saudosa genitora Maria Veiga, proprietária da Fazenda São Thiago, encravada na Villa de Paulo Jacintho. Chegava montado a cavalo, atendia-a com muita proficiência aliada a fidalguia que lhe era peculiar.

Prefeito da “Atenas de Alagoas” por dois mandatos pelo PSD, médico do Banco do Brasil, Presidente da Academia Alagoana de Letras (AAL), Vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, integrou a “Escola de Viçosa”, composta pelos médicos: Théo Brandão e José Pimentel de Amorim. Quando a AAL fora criada (1919), das 40 cadeiras, 9 pertenciam à “ Princesa das Matas”. Paralelamente, fora Deputado Federal por três legislaturas. Exercera o cargo de secretário da Fazenda no governo do Dr. Arnon de Mello.

Doutor José Maria de Melo foi, por excelência, homem público probo, articulista de escol do Jornal de Alagoas, Correio de Maceió, Gazeta de Alagoas; escreveu o famoso romance Os Canoés, recebendo crítica na seara de seu tempo. Conheci-o na Casa de Demócrito Gracindo. Homem intelectual e, ao mesmo tempo, afável. Bom de prosa, usava o português coloquial sem o uso de figuras de linguagem. Determinado e contemplativo. Inteligente e muito social.

No romance - Canoés - as figuras são vivas, têm uma individualidade marcada pelos seus caracteres psicológicos e percorrem o livro com uma fixação por personagens reais. Ai, reside os méritos do excelso romancista viçosense. Dir-se-ia que o autor marcou sua intelectualidade à altura de sua bem-sucedida existência. Na sua trajetória existencial soube ser sábio, aproximando-se de uma sabedoria excepcional. Diga-se, de passagem, Dr. José Maria de Melo faleceu em Maceió, no dia 30 de janeiro de 1984, aos 78 anos de idade. Deixou, portanto, marcas indeléveis que jamais serão esquecidas.

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