MANANCIAL AMEAÇADO .
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Por Editorial | Edição do dia 04/10/2023 - Matéria atualizada em 04/10/2023 às 04h00
Hoje os católicos de todo o mundo comemoram do dia de São Francisco de Assis, santo italiano conhecido por sua dedicação aos pobres e por seu amor aos animais. Nessa data, em 1501, o navegador italiano Américo Vespúcio entrou pela primeira vez nas águas de um rio gigante em terras brasileiros e acabou o batizando com o nome do santo.
O São Francisco, ou Velho Chico, sempre foi responsável por matar a sede da população, gerar energia elétrica e impulsionar a agricultura irrigada em cinco estados.
Com mais de 2.800 km de extensão, a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco é a terceira maior do país e corresponde a cerca de 8% do território nacional. Com nascente em Minas Gerais, a bacia se estende até o Oceano Atlântico, onde deságua na divisa dos estados de Alagoas e Sergipe.
Nesse percurso, o Rio São Francisco passa por mais de 500 municípios e gera energia através de cinco usinas hidrelétricas, sendo elas: Sobradinho, Apolônio Sales, Paulo Afonso, Luiz Gonzaga e Xingó.
Entretanto, nas últimas décadas o principal manancial do Nordeste vem sofrendo um processo de degradação, principalmente decorrente da ação humana – lançamento de esgoto, destruição das matas ciliares e outras agressões.
Dados de um estudo feito no ano passado pelo MapBiomas, uma rede colaborativa formada por ONGs e universidades que analisa as transformações do território brasileiro, devido à má gestão das águas, nos últimos 30 anos, a Bacia do São Francisco perdeu 50% da superfície da sua água natural.
As cabeceiras estão jogando menos água, porque estão sendo desmatadas e o desmatamento provoca o escoamento superficial e não a manutenção das águas para serem produzidas a partir das nascentes.
O fato é que com o volume cada vez mais reduzido e sofrendo todo tipo de degradação, o São Francisco cobra o preço das sucessivas promessas de socorro não cumpridas. Sua revitalização é uma ação que deve envolver a União, estados, municípios, organizações não governamentais, além do engajamento da sociedade. O valor é alto, mas o prejuízo que a degradação do rio causa à população e à economia do País é bem maior.