Marco Temporal dos Índios .
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Por José Adalbertovsky Ribeiro - JORNALISTA | Edição do dia 05/10/2023 - Matéria atualizada em 05/10/2023 às 04h00
Dedico este artigo ao meu colega Pero Vaz de Caminha, que relatou em reportagem de 1º de maio de 1500 o achamento desta Terra de Vera Cruz.
MONTANHAS DA JAQUEIRA – Senhores e senhoras, caldeirões e caçarolas, esta é a escolinha do marco temporal indígena, politicamente correto. Rebobinemos o tempo. O sonho de consumo dos indigenistas utópicos é voltar aos tempos inocentes de Pero Vaz de Caminho e dominar todas as léguas desta Terra de Vera Cruz, quando se dizia: “Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem”.
O reino de Pindorama foi descoberto pelo argonauta português Pedrálvares em 22 de abril de 1500. História alternativa: foi descoberta pelo detonauta espanhol Vicente Pinzon em 26 de janeiro de 1500 ao aportar no Cabo de Santo Agostinho.
Nas ondas politicamente corretas, o reinado ainda está sendo descoberto pelos povos indígenas. Vide bula os desencontros em torno da legislação sobre o marco temporal.
Constituição de 1988 estabelece que as terras dos índios são aquelas ocupadas pelos indígenas até a promulgação da Carta Magna. Os revolucionários de agora querem retroceder no tempo e no espaço até a carta do repórter Pero Vaz de Caminha. Faz parte da dialética revolucionária do conflito entre classes. Fazendeiros e produtores rurais estão em conflito com os povos primitivos. Famílias de fazendeiros protestam que podem ser expulsas de suas propriedades. Vidas que não são de índios também importam. Indígenas são insuflados por ONGs alienígenas com interesses escusos.
Nos tempos da colonização havia as expedições chamadas de “Entradas” e “Bandeiras”. Os bandeirantes exterminavam e escravizavam os índios em nome da ordem e progresso. As Entradas tinham o selo do governo. Os padres jesuítas faziam a cabeça dos índios para eles rezarem a Missa em latim e cobrirem suas “vergonhas”, pois diziam que andar nu era pecado. Num desses lances, ano 1556, ao fazer uma trilha na floresta, o bispo Dom Pero Fernandes Sardinha deu bobeira e foi capturado pelos índios antropófagos caetés. Os índios cozinharam Dom Sardinha num caldeirão fervente e o piedoso prelado foi comido, literalmente, pelos caetés famintos. Dizem que o nome Sardinha motivou a comilança.
Raposo Tavares e Borba Gato são dois entre os mais lendários bandeirantes do Brazil. Fundaram vilas e povoados, desbravaram grotões, escravizaram índios e cometeram crueldades. O Estado de São Paulo rodovia esses personagens com o nome da Rodovia dos Bandeirantes. Impossível reescrever a história. O que pode ser feito é reinterpretar a história, a história das civilizações, todas as civilizações, é feita de crueldades.
Os bandeirantes também exploravam riquezas no Interior do País. Imaginemos a ferocidade dessas expedições no trato com os povos indígenas e pobres nos grotões do Brazil. Este é o legado nada virtuoso da civilização brasileira. De caso pensado, eu não me ufano de ser brasileiro. Ainda assim e assado, o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda fala no protótipo do “homem cordial” brasileiro. O sociólogo esqueceu de combinar as fantasias com a realidade.