O tempo e o envelhecer .
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Por MILTON HÊNIO - médico e membro do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Mello | Edição do dia 07/10/2023 - Matéria atualizada em 07/10/2023 às 04h00
Ser eternamente jovem, eia um desejo universal. O tempo se torna e eternamente será o presente mais precioso de nossa vida. O tempo é de uma importância grandiosa, maravilhosa, desde que o ser humano saiba aproveitá-lo bem. Quando somos jovens o tempo anda mais devagar porque na juventude não paramos, somos cheios de atividades. Já como idoso, o tempo anda mais lento porque nossas forças diminuem e nossas lembranças voltam-se muito ao passado, tornando-se envelhecidas como a gente.
Antigamente, os velhos eram poucos, hoje são numerosos, apesar de saberem no íntimo que estão entrando em outra fase da vida. É o período especial de vida, de grande sensibilidade. Charles Chaplin, um dos maiores artistas que o mundo já conheceu, ocupava todo o seu tempo com danças, compondo, conversando, lendo e vivendo com a natureza.
Estamos vivendo uma época em que a velocidade domina o ser humano. Até o próprio tempo parece correr mais depressa do que no passado. A velocidade nos domina. Nos arrasta como a correnteza no dia de chuva forte. O século XXI está sendo marcado pela velocidade em tudo: no trânsito, no trabalho pela sobrevivência condigna, nos relacionamentos, na alimentação, nas comunicações; rapidamente sabemos o que se passa no mundo.
Como é precioso o nosso tempo! E quanta gente o desperdiça. Ele corre lento como um rio caudaloso, silencioso e constante. No seu passar e repassar, vai apagando tristezas, desenganos, atenuando dores e sofrimentos vividos, fazendo esquecer ingratidões, desprezo e indiferenças. “O tempo corre na asa do vento como um simples novelo de fumaça” diz o poeta. Os dias chegam e logo se vão. E nessa marcha e contramarcha no tempo, o homem continua buscando o caminho da felicidade.
Sejam quais forem as alternativas da vida, meu caro leitor, vamos contemplar cada manhã de um novo dia que surge com o olhar mais ardente da fé e tentemos encontrar um sonho de vida ideal, apesar de toda correria.
Quando olhamos para trás, para nossa mocidade meses a meses apagada pelo tempo, num passado cheio de recordações, relembramos os ensinamentos e, mais do que eles, os exemplos trazidos de nossos pais e mestres, inesquecíveis, que nos alertavam que para caminhar pela vida precisa de calma, pois como diz a Bíblia “tudo tem o seu tempo”.
Pare um pouco, caro amigo, no corre-corre da vida e veja a beleza de um pôr do sol, uma noite de luar, o sorriso feliz de uma criança. Há momentos em que realmente é difícil diminuir a marcha e ter um sorriso nos lábios, mas assim mesmo tente.
Caminhar sempre foi o destino do homem. Que importa a idade? O que importa é o que somos e quem somos.
Já vislumbro o entardecer da minha vida. Sinto-me ainda cheio de entusiasmo e profundamente útil, apesar da minha idade e nos comparando com as “Velhas Árvores” de Olavo Bilac. Eu diria: “Envelheçamos como as árvores fortes envelhecem, dando sombra e abrigo aos que padecem”.