Opinião
OS REFÉNS DO HORROR .
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Em 2006, o soldado israelense Gilad Shaliti foi capturado por extremistas do Hamas e ficou em cativeiro na Faixa de Gaza durante 5 anos até ser trocado por cerca de mil prisioneiros palestinos que estavam detidos em Israel. A invasão dos terroristas do Hamas no Sul de Israel atravessando as barreiras até então supostamente seguras, eliminando centenas de pessoas, majoritariamente civis, jovens, crianças, e até bebês, estuprando mulheres, e sequestrando um número ainda desconhecido de reféns, reitera que o Hamas é um grupo terrorista sem limites em sua barbárie.
Diante de tamanha tragédia, a intenção de retaliação via extermínio definitivo do Hamas pelo poderoso Exército israelense e resgate dos sequestrados seria o óbvio, caso milhares de vidas de civis, inclusive mulheres e crianças, não estivessem em jogo nessa intervenção. Aliás, as vidas dos reféns sendo usadas como escudos humanos pelo Hamas, ressaltando a traumática relação que Israel tem com a situação de reféns, retratada em seriados como Fauda, da Netflix.
Não se pode desconhecer neste contexto complexo que os efeitos dos bombardeios de Gaza, uma faixa estreita onde mais de 2 milhões de pessoas se amontoam e não têm para onde correr, serão muito agravados pela invasão. Essa população, já rotineiramente sacrificada, tem a sua condição agravada pela suspensão de ajudas humanitárias, precisaria ser poupada, separando-a da retaliação aos extremistas do Hamas, o que parece ser extremamente difícil, e isso será motivo de retroalimentação do ódio e do círculo vicioso da violência, o que só interessa aos radicais de ambos os lados.
O que possa ocorrer agora, principalmente em decorrência das ações de Israel em relação à população civil palestina, poderá incentivar uma escalada do conflito: no norte de Israel, no Líbano, com o Hezbollah, muito mais poderoso do que o Hamas e que há anos se prepara à espreita por uma oportunidade de intervir belicosamente; igualmente, a Síria, com as suas milícias extremistas. A consagrada superioridade tecnológica das Forças de Segurança israelitas diante dessa recente ação terrorista do Hamas ainda pode ser decisiva para a segurança da população israelita?
Humanitária e urgentemente, a comunidade internacional precisa atuar concreta e energicamente para sustar o banho de sangue: a vida de uma criança palestina não pode valer menos de que a vida de uma criança israelita. O fato é que israelitas e árabes podem conviver pacificamente: no Levante, no passado e atualmente em cidades como Haifa, no centro de Israel, eles demonstram isso. No horizonte, que no momento, infelizmente, parece distante, a concretização de dois estados soberanos, Israel e Palestina, a posição brasileira desde Osvaldo Aranha na ONU em 1949 será um objetivo imprescindível.