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Nº 5899
Opinião

Subir ou não subir: refletindo sobre a questão da entrega

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Por Luana Ozemela - vice-presidente de Impacto Social do iFood | Edição do dia 26/10/2023 - Matéria atualizada em 26/10/2023 às 04h00


Nos últimos meses, temos observado uma crescente onda de conflitos entre pessoas entregadoras e consumidores, relacionada à decisão de subir ou não subir em edifícios para realizar entregas. Esta questão, que pode parecer simples à primeira vista, vai muito além das preferências pessoais e tem implicações profundas que merecem reflexão.

Este dilema nos leva a considerar valores fundamentais, como igualdade, respeito e dignidade. Embora a plataforma do iFood tenha políticas claras para garantir a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos, essas regras não abrangem todas as nuances dessa questão. Portanto, é fundamental que a comunidade reflita sobre ela.

A norma que estabelece que o entregador deve subir para entregar, muitas vezes, é aceita como um padrão social, mas é essencial questionar se essa norma reflete os valores de igualdade e respeito que defendemos. Por que, em nossa sociedade, colocamos, repetidamente, a responsabilidade da ação sobre a pessoa entregadora, sem considerar se o cliente também pode descer? É hora de repensarmos esse comportamento e entender as implicações de nossas escolhas.

A ciência do comportamento nos revela que as pessoas frequentemente agem de acordo com padrões preestabelecidos e, por vezes, inconscientemente, perpetuam preconceitos. A Behavioral Insights Team (BIT), ligada ao governo do Reino Unido, oferece valiosos insights sobre como a influência social desempenha um papel significativo em nossas escolhas diárias.

Por exemplo, quando as pessoas entregadoras enfrentam a decisão de subir ou não em edifícios para fazer entregas, elas muitas vezes cedem à norma social estabelecida, subindo para realizar a entrega, mesmo que isso não seja uma exigência explícita. Esse comportamento é influenciado pela pressão social e pelo medo de receber avaliações negativas dos clientes. Essa situação destaca claramente como as normas sociais podem moldar nossas ações de forma sutil e inconsciente.

O meu convite é que todos nós questionemos essas normas sociais que podem perpetuar desigualdades e preconceitos, enfatizando a importância de uma reflexão mais profunda sobre a questão da entrega e o seu impacto na sociedade como um todo.

No iFood, não toleramos desrespeito ou violências, mas acreditamos que a solução não está apenas na punição. Precisamos compreender as razões por trás das escolhas de clientes e pessoas entregadoras para desenhar soluções duradouras. Nossa missão é criar um ambiente inclusivo e equitativo em nossa plataforma - onde todos possam se sentir respeitados e valorizados -, influenciando positivamente todo o setor ao incentivar atitudes que estejam de acordo com esses valores. Mas, novamente, isso significa questionar as normas sociais que podem perpetuar desigualdades.

Precisamos mergulhar profundamente na reflexão das implicações de nossas escolhas e reconhecer como essas decisões podem impactar a vida dos outros. A transformação que buscamos não recai apenas sobre o iFood, mas sobre cada um de nós, como indivíduos e como sociedade. É uma jornada coletiva para construir um mundo mais justo e inclusivo, onde a igualdade e o respeito sejam os pilares de nossa convivência. É também uma oportunidade valiosa para deixar de apenas falar em empatia - palavra tão em voga - e, de fato, colocá-la em prática.

A paz que queremos começa com nossas ações. Nunca podemos perder isso de vista.

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