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Nº 5595
Opinião

VULNERABILIDADE RACIAL .

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Por Editorial | Edição do dia 01/11/2023 - Matéria atualizada em 01/11/2023 às 04h00


Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que são negras 76,9% das pessoas mortas em situação de violência intencional no Brasil. Também são negras 83,1% das vítimas de violência policial. A taxa de letalidade policial entre pessoas brancas é de 1 por 100 mil habitantes. O número sobe para 4,5 por 100 mil habitantes entre pessoas negras.

Diante dessa realidade, o Ministério da Justiça e Segurança Pública abriu edital para financiamento de organizações da sociedade civil que atuem em projetos de apoio a populações em situação de vulnerabilidade racial. No total, serão investidos R$ 3 milhões em até 20 projetos.

As organizações deverão trabalhar com jovens negros em periferias, vítimas e familiares de vítimas da violência letal, comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais afetadas por ações do tráfico de drogas, pessoas em situação de rua, egressos do sistema prisional e mobilizadores de comunicação social atuantes em territórios periféricos.

A vulnerabilidade racial tem raízes históricas. Desde a época da escravidão a população negra se apresenta como um grupo aberto a maiores vulnerabilidades físicas e sociais. A escravatura foi oficialmente abolida, mas suas sequelas permanecessem até hoje. Em termos econômicos, a população negra é quase sempre detentora de rendas menores, vivendo em grande parte nas periferias e sendo vitimizada pela má distribuição de renda.

Uma das expressões mais cruéis da herança escravagista no Brasil se manifesta nos números da violência. 75% das vítimas da violenta letal no Brasil são negras. Jovens negros morrem mais do que jovens brancos; policiais negros, embora constituam 37% do efetivo das polícias são 51,7% dos policiais assassinados; mulheres negras morrem mais assassinadas e sofrem mais assédio do que as brancas.

Mudar essa realidade exige punição rigorosa para os criminosos, mas também uma mudança de mentalidade e políticas de inclusão social para as periferias, levando educação, cultura, esporte, lazer e saúde para as comunidades mais vulneráveis..

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