Regenerabilidade como caminho possível .
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Por Luana Ferreira - jornalista, psicoterapeuta, escritora e consultora em sustentabilidade | Edição do dia 07/11/2023 - Matéria atualizada em 07/11/2023 às 04h00
Nos últimos anos o termo sustentabilidade tem adquirido força. Diferentes personalidades e instituições têm trazido à tona a preocupação com o planeta. Um mundo sustentável é aquele em equilíbrio nos eixos social, ambiental e econômico. Há décadas essa tríade é estudada, em função dos indicadores sociais e ambientais preocupantes para a vida humana e, apesar dos bons resultados na jornada pela sustentabilidade, a urgência do tema mudou.
Os prejuízos ambientais não são mais passíveis de sustentação, e é necessário pensar em sua regeneração. Com isso, a palavra “sustentabilidade” está sendo substituída por “regenerabilidade”. Regenerar é dar nova vida, é reconstituir e recomeçar e, para que isso ocorra, precisamos nos regenerar de dentro para fora. Essa é a proposta dos três Cs da regenerabilidade. Uma metodologia que favorece a mudança individual, influenciando a mudança coletiva, por meio da consciência, do cuidado e da coragem que devemos, mais do que nunca, cultivar.
Precisamos trilhar um longo caminho, e rápido. Estamos liquidando com a natureza, perdendo o convívio harmônico e curativo com o meio ambiente em prol de um desenvolvimento e meios produtivos muito predatórios. Ao que tudo indica, esse sistema culminará em nossa extinção e, apesar dos importantes avanços conquistados por esse modelo, suas consequências têm potencial devastador, na medida em que sabemos dos perigos, mas não há envolvimento representativo para a mudança.
Avançaremos quando superarmos a normose. Normose, a doença da normalidade, é uma alienação individual e coletiva. Ser normótico é validar uma normalidade que adoece, é ter o comportamento automático e inconsciente, ou seja, sem questionamentos, envolvimentos, críticas ou mudanças. Se vivemos no mundo de hoje, somos todos normóticos.
Quando falamos em sustentabilidade-regenerabilidade, Pierre Weil apresenta a normose ecológica, baseada em nossa relação com os agrotóxicos que são nocivos ao solo e à saúde; e a normose do consumismo que contribui para a destruição do planeta. Mesmo sabendo dos prós e contras, continuamos com a mesma rotina, o mesmo consumo.
O primeiro passo no método dos 3 Cs da Regenerabilidade é ter consciência – consciência de si, do outro e do mundo - e entender que nosso modelo de vida tem valores distorcidos que estimulam a competição, a incessante produção e consumo e o desperdício. Ter consciência é perceber onde estamos e buscar escolhas que correspondam à nossa essência humana, de forma mais autêntica e saudável. Assim, saberemos agir, corajosamente, como protagonistas do cuidado por um mundo melhor.