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Nº 5759
Opinião

N�meros inflados

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao governo, acaba de comprovar que não correspondem à realidade os números oficiais da reforma agrária no País. Enquanto o governo diz ter assentado 194.212 famílias entre 1999 e 2000, o Ipea co

Por | Edição do dia 30/04/2002 - Matéria atualizada em 30/04/2002 às 00h00

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao governo, acaba de comprovar que não correspondem à realidade os números oficiais da reforma agrária no País. Enquanto o governo diz ter assentado 194.212 famílias entre 1999 e 2000, o Ipea constatou apenas 104.212 famílias assentadas, incluindo 20 mil do Banco da Terra, no mesmo período. Os dados do Ipea reforçam as denúncias feitas nos últimos anos pelas entidades representativas dos trabalhadores contra as informações distorcidas relacionadas principalmente aos programas voltados para os sem-terra. Eles foram divulgados domingo pela Folha de São Paulo. O mesmo jornal mostrou, em uma série de reportagens, na semana passada, que os números apresentados pelo governo, por meio do Ministério de Desenvolvimento Agrário, são inflados para efeito de publicidade. E para isso são usados vários recursos, como terrenos vazios, assentamentos que nunca saíram do papel e áreas sem água tratada, sem energia elétrica e sem rede de esgoto. As informações do Ipea constam de um estudo financiado pelo próprio governo. E segundo este órgão, o citado ministério inflou seu balanço final em 1999 em cerca de 38%, ao anunciar o assentamento de 85.226 famílias, contra as 53.197 que na verdade teriam sido atendidas. Só aí houve uma diferença de 32.029 famílias – o equivalente a cerca de 138 mil trabalhadores rurais. No ano seguinte, a diferença é maior, chegando a 48%. “Enquanto o governo fala em 108.986 famílias, o Ipea indica no máximo 36.061. Somando-se os 20 mil do Banco da Terra, a discrepância é ainda de 52.925 famílias ou cerca de 227 mil lavradores”. Não bastassem esses absurdos, a Folha também informa ter o Ipea constatado que apenas 57% dos recursos destinados para os programas de apoio e instalação de assentados chegaram ao bolso dos trabalhadores rurais. Não será com propaganda enganosa, inventando números, com mentiras, que o País se livrará de suas terríveis desigualdades sociais. Diante disto, resta saber se são verdadeiros os números alardeados pelas fontes oficiais sobre o desempenho dos demais setores da administração federal nos dois mandatos de FHC? É preciso que as distorções sejam devidamente apuradas e seus responsáveis punidos. Para que a Nação não seja ainda mais prejudicada com fatos como estes.

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