Opinião
Teologia para todos

DOM EDVALDO G. AMARAL SDB * O Concílio Vaticano II, definindo a Igreja como povo de Deus, abriu a consciência de todos os cristãos para assumirem seu sacerdócio batismal, participando do múnus de Cristo, como sacerdote, profeta e rei. Assim, o cristão de hoje não pode negar-se ao ministério de santificador, anunciador da Palavra e servidor; isto é, com seu batismo, ele assume a missão litúrgica, profética e diaconal da Igreja de Jesus. Para isso, torna-se necessária séria preparação, não só espiritual e pastoral, mas ao lado dessa e sem menosprezá-la, faz-se mister também preparação cultural, que vem a ser em primeiro lugar, preparação teológica. Quem deseja exercer na Igreja papel ativo e consciente não pode satisfazer-se com uma pequena informação catequética, infelizmente cada vez mais fraca e deficiente. Foi-se o tempo dos livros de Teologia escritos exclusivamente em latim, com economia de divulgação mundial e restrição apenas aos estudantes dos seminários. Daí, o multiplicar-se dos cursos de Teologia para leigos em todas as dioceses e em inúmeras paróquias. Quando cheguei a Maceió, em 1986, havia o Instituto de Teologia Pastoral, funcionando aos sábados nas dependências do seminário, com carga horária modesta, de vez que as aulas eram só uma vez por semana e, de dois turnos que eram, passaram para o turno da manhã apenas. Logo, foi criado pelo mons. Hélio Lessa o curso de Teologia da Igreja do Livramento, hoje brilhantemente conduzido e aperfeiçoado pelo nosso excelente teólogo, côn. Henrique Soares da Costa. Outros pequenos cursos funcionaram em várias outras paróquias, como Vergel do Lago, Tabuleiro do Martins e outros, além do curso de Missionologia, do côn. Delfino Barbosa Neto. Haverá outros em outras paróquias, de que não me lembro mais. O esforço e tenácia do padre Manoel Henrique de Melo Santana fizeram nascer a idéia de um verdadeiro curso de Teologia, de nível superior, reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação. Finalmente, nas salas do tradicional Guido, que sempre nos recorda a figura do grande educador alagoano, pe. Teófanes de Barros, o curso de Teologia da Arquidiocese de Maceió fincou sua tenda. Tive a satisfação de presidir sua instalação com a aula inaugural. Em outras oportunidades, ainda pude apresentar um estudo sobre o Islamismo e outro sobre a realidade cultural-religiosa do Japão. Ministrei também alguns aulas de Direito Canônico, pelo impedimento do titular, con. José Everaldo, que enviei a Roma para o doutoramento. E sempre que possível com algum palestra de formação teológica, procurei viver de perto e acompanhar com carinho pastoral a vida de nossa Faculdade de Teologia. Continuo a sua disposição, conforme as necessidades e as circunstâncias o permitirem. Estou sabendo agora que, após tanto sacrifício, também econômico, a Faculdade de Teologia teve que procurar outra sede e, felizmente, está instalada em definitivo na sua Casa da Teologia. Já duas turmas se formaram no curso básico de bacharel e a primeira está fazendo licenciatura para habilitar-se a ministrar o Ensino Religioso nos cursos fundamental, médio e superior. Com um caráter ecumênico, que é sumamente louvável, a Faculdade de Teologia está prestando um serviço de alto valor cultural e pastoral à Igreja que está em Maceió. A Teologia é essa busca de Deus na sua Palavra santa, no ensinamento da Igreja e nos sinais dos tempos, para responder aos problemas do homem de hoje, aos apelos da cultura hodierna e às necessidades da sociedade, em que vive e testemunha a Igreja de Jesus no mundo. É ela que torna realidade o confronto crítico entre a fé e o mundo da ciência e da tecnologia de hoje. (*) É ARCEBISPO EMÉRITO DE MACEIÓ