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sexta-feira, 21/03/2025 | Ano | Nº 5928
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A minha cadeira de rodas

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Lysette Lyra * Há pessoas que têm incrível superstição de se sentarem em cadeiras de rodas. Crêem que estarão agourando ter de usá-las. Naturalmente que é uma graça de Deus poder viver sem precisar delas, mas como são abençoadas quando, por qualquer motivo, somos impedidos de nos locomover desembaraçadamente! Desde jovem sempre tive problemas com os pés e as pernas. Era magra e dinâmica, mas os membros inferiores me causavam, de vez em quando, certos incômodos, embora nada tão grave ou duradouro. Já mais idosa, os achaques tornaram-se mais complicados. Com a idade chegando, ganhei alguns quilos e os problemas das pernas foram aumentando. Gosto ainda bastante, de viajar, mas, ultimamente, sem poder andar com facilidade, não estava aproveitando devidamente os passeios. Pensei bastante no assunto, e cheguei à conclusão de que, para resolver esse empecilho, eu deveria comprar uma cadeira de rodas motorizada. Iria passar o ano novo em Las Vegas, sabia que sem ela, como das derradeiras vezes, lucraria muito pouco, então a adquiri, dois dias antes da partida. Foi uma verdadeira redenção! Senti-me livre, voltou-me o prazer de viajar, a cadeira levava-me a quase todos os lugares, era uma libertação! Em quantas cidades já andei, feliz, com a minha cadeira de rodas! Nos países da Europa e América do Norte, os deficientes são tratados com muita atenção e respeito. As calçadas possuem as esquinas rebaixadas, lojas, teatros, restaurantes e hotéis têm rampas para cadeiras de roda. No Brasil os governos e a iniciativa privada não ligam, em absoluto, para o problema. Outro dia precisei fazer uma determinada compra no comércio e, como teria que caminhar bastante, resolvi ir na minha cadeira de rodas motorizada. Coloquei o carro num estacionamento da rua do Sol e dirigi-me, na mesma, para a rua Moreira Lima. Já comecei mal, pois as calçadas estavam cheias de remendos desnivelados que se tornavam uma ameaça ao meu equilíbrio. Corajosamente os atravessei chegando à rua do Comércio. Observei, então, ser impossível circular com a referida cadeira pela rua desejada, tantas eram as falhas do calçamento e sem rampas nas calçadas, se tornava intransitável para um paraplégico. Tive que desistir da idéia e voltar para casa. Fiquei revoltada, sentindo o problema de tantos deficientes, que devem sofrer com esse impasse, sem que se tome a mínima providência! Afinal pagamos tantos impostos, cada dia acrescentam mais e mais percentagens aos já tão abusivos tributos! Mas os direitos dos cidadãos, neste País, são sempre esquecidos! (*) É escritora e membro da Academia Maceioense de Letras

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