Opinião
Ainda os juros

Apesar de o reajuste anunciado, anteontem, pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de 19,25% para 19,5% ao ano ter sido o menor dos últimos seis meses, a nação começa a sentir drásticos efeitos. Começa a sofrer os danos de mais uma de uma seqüência de decisões no âmbito governamental que só dificultam as tentativas voltadas para a retomada do desenvolvimento econômico com justiça social, a ponto de causarem críticas nas próprias hostes petistas. A coisa é tão grave que a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical aparecem entre as primeiras entidades a manifestar descontentamentos logo nos momentos iniciais da repercussão da medida. A CUT chega a pedir a interferência do presidente Lula, para a sociedade não continuar sendo afrontada pelo Copom. Um dos compromissos de campanha do governo petista era reduzir a Selic a um nível suportável. Para advertir: Antes de manter as taxas em patamares estratosféricos, o governo precisa entender a perversa equação de que com juros altos não há consumo e, sem consumo, não há produção, resultando em mais desemprego. Essas e outras entidades do setor produtivo, nem os consumidores, especialmente os assalariados, poderiam estar contentes com orientações do tipo das mantidas nos últimos anos e que terminaram transformando o País num dos campeões mundiais em juros. Os resultados disso, contrariando as expectativas dos que chegaram a acreditar em um crescimento de ofertas de emprego, no fim das injustiças sociais, com os prometidos investimentos em ações contra a fome e a miséria, começam a surgir nas pesquisas. Como se vê nos números do levantamento da CNT/Sensus, divulgados esta semana, que mostram uma queda de seis pontos percentuais na aprovação ao desempenho pessoal do presidente Lula, a contar de fevereiro deste ano.