Os apelos do campo

Mais uma semana começa movimentada em Brasília com a Marcha Nacional pela Reforma Agrária organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Iniciada no começo deste mês em Goiânia, a mobilização reúne, segundo estimativa, mais de 10 mil trabalhadores de todos os estados do País com novos e antigos apelos. Como comentamos neste espaço, há poucos dias, está no próprio governo a origem de vários dos principais motivos dos protestos neste setor, como os cortes nos recursos assegurados para essa área, quando há a necessidade de maiores investimentos para assegurar, à expressiva parcela da população brasileira, as efetivas condições de sobrevivência no campo. Nessa terceira marcha a Brasília, os sem-terra esperam, óbvio, voltar aos estados de origem confiantes de que pelo menos boa parte da pauta de reivindicações ao governo, entre as mais antigas e novas, será atendida. Na relação das mais importantes, destacam-se as que tratam do cumprimento do Plano Nacional de Reforma Agrária, da criação de uma linha de crédito especial para os assentados e das mudanças na definição de terra improdutiva para desapropriação e a reestruturação do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra). Eles ainda resolveram reunir jovens para discutir, na capital federal, a importância das novas gerações na luta pela reforma agrária. Na expectativa de que logo terão suas expectativas atendidas nesse sentido, bem como de novas conquistas. Possíveis com as modificações na política econômica do governo, que estarão também combatendo nos eventos da marcha previstos para hoje, quando líderes do movimento deverão ser recebidos em audiência pelo presidente Lula, e discutir, no Congresso, sobre a aprovação de matérias relacionadas à convocação de plebiscito pelo povo e à expropriação das terras com trabalho escravo.