Brasil melhor
EDUARDO BOMFIM * Na última quarta-feira comemorou-se o Dia do Trabalhador. Há 113 anos que ele é um marco histórico, uma referência das lutas e reivindicações do proletariado em todo o mundo. Costuma-se dizer que o assalariado, em geral, nada tem a come
Por | Edição do dia 03/05/2002 - Matéria atualizada em 03/05/2002 às 00h00
EDUARDO BOMFIM * Na última quarta-feira comemorou-se o Dia do Trabalhador. Há 113 anos que ele é um marco histórico, uma referência das lutas e reivindicações do proletariado em todo o mundo. Costuma-se dizer que o assalariado, em geral, nada tem a comemorar. Eu, sinceramente, discordo. Em retrospectiva, foram grandes as conquistas trabalhistas, políticas, além do reconhecimento da força da classe em si. O Século 20 marcou a entrada em cena do mundo do trabalho e a materialização de diferentes formas de governos. Populares, de libertação do colonialismo e socialista. As derrotas, temporárias, de parte das primeiras experiências de regimes das maiorias não eliminam a busca da humanidade pela justiça social. O capital levou 500 anos para consolidar-se como classe e sistema econômico. A luta dos povos por um sistema mais humano, generoso e contra a exploração da força de trabalho do homem ainda não completou um século. E encontra-se viva na China, Cuba, Vietnã e em outras partes do mundo. Daí, considero justa a frase: O Século 20 não presenciou a morte do Socialismo mas o seu nascimento. Nos tempos atuais esta aspiração encontra-se indissoluvelmente associada à defesa intransigente da soberania nacional. Em um mundo em que para cada dólar que se emprega na economia real, 100 encontram-se na especulação parasitária, ou seja, no cassino internacional. O resultado tem sido o desemprego, fome crônica, destruição dos setores produtivos das nações, criminalidade. E tantas outras mazelas, sobejamente conhecidas pelo cidadão comum. O povo brasileiro encontra-se saturado da exploração desenfreada a que vem sendo submetido, principalmente nestes tempos da chamada nova ordem mundial. E as pesquisas eleitorais atestam este sentimento. Vejam, como exemplo de flagrante injustiça, a questão tributária. Quem contribui com a Receita Federal em nosso País é de maneira esmagadora o assalariado, que tem o seu imposto retido na fonte. Porém, em 2000, 49% dos bancos pagaram zero de tributos. E são eles que auferem lucros imorais, considerando-se a brutal concentração de riquezas no País. Em 1999, sete milhões de contribuintes, o que significa 87% do total das pessoas que fizeram declarações e que ganhavam menos de 1.500 reais, pagaram 800 milhões de reais. E cerca de 100 mil que ganhavam mais de 10 mil, desembolsaram 4,3 bilhões de reais. Daí, concluir-se que a classe média, além dos pequenos e médios empresários, estão sendo vilipendiosamente garroteados. Os chamados assalariados de baixa renda amargam a condição de terem sido socados no fundo do poço desta economia do inferno. A base da pirâmide social está engarrafada, entupida, porque a imensa maioria da população lá se encontra. A solução mais imediata e inicial para um mundo melhor, para além desta tragédia, baseia-se no trinômio: crescimento econômico, auditoria sobre a agiotagem internacional da dívida externa e desconcentração da renda. A fórmula vale igualmente para os Estados da Federação. Claro que a ferramenta principal é a variável política e 2002 será um daqueles momentos históricos para a nação. (*) É ADVOGADO