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Nº 5814
Opinião

Epidemia de crimes

O Brasil aparece no Mapa da Violência 3 feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como detentor da maior taxa de mortes provocadas por armas de fogo, com um índice de 78%. O estudo foi elaborado com dados da

Por | Edição do dia 04/05/2002 - Matéria atualizada em 04/05/2002 às 00h00

O Brasil aparece no Mapa da Violência 3 feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como detentor da maior taxa de mortes provocadas por armas de fogo, com um índice de 78%. O estudo foi elaborado com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e outros órgãos que registram estatísticas de óbitos. O mapa envolve 60 países. E, segundo ele, Pernambuco e o Rio de Janeiro são os Estados onde há mais homicídios por arma de fogo, com 84,5% e 83%, respectivamente. Mas a situação é por demais amedrontadora em todo o País, devido a vários fatores, entre os quais se destacam as deficiências no controle de armamento. Os especialistas no assunto têm apontado as subnotificações entre os principais problemas na luta contra a criminalidade nos países que, a exemplo do nosso, ainda não implementaram medidas suficientemente rigorosas para combater a venda e o porte ilegais de armas. Em artigo publicado pela Folha de São Paulo, em 1996, a professora de Antropologia da Universidade de Campinas (Unicamp) e da Califórnia, Teresa Caldeira, mostrava que a proporção de homicídios provocados por arma de fogo no Brasil, que era de 15% do total em 1980, dobrou em dez anos. Um dos aspectos mais graves de tudo isso é que os diversos segmentos da população tentam se proteger, inclusive utilizando armas clandestinas. Essa alternativa vem sendo utilizada cada vez mais pelos jovens, que têm sido as principais vítimas das diversas formas de violência, entre as quais os seqüestros e assassinatos. Os dados do novo levantamento da Unesco foram divulgados ontem. Eles também revelam o País já ocupando o terceiro lugar em um ranking de homicídio juvenil. Nos últimos dez anos, houve um aumento de 77% no número de homicídios de jovens brasileiros. Mais do que entre o resto da população, cujo índice foi de 50,2%. Só no ano 2000 foram mais de 17 mil mortes de pessoas entre 15 e 24 anos – o que representa 39,2% do total de homicídios nessa faixa etária. A maioria delas (60%) foi com arma de fogo. O que basta para justificar novas, urgentes e eficazes iniciativas dos poderes constituídos e dos vários setores da sociedade civil organizada voltadas para o controle da criminalidade no País.

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