Opinião
Pela democracia

Representantes de governos e de entidades não-governamentais, além de especialistas de dezenas de países, discutiram em Brasília, durante esta semana, uma série de questões relacionadas às mais diversas formas de abuso praticadas com recursos públicos. Esse foi o mote do 4º Fórum de Combate à Corrupção. Nesse mesmo cenário, há dois dias, o presidente usou da palavra e abordou o recente processo de denúncias contra dirigentes de seu partido, quando afirmou que tendo um nome e uma história a zelar, não iria conciliar com esse tipo de erro e, se preciso fosse, cortaria na própria carne para eliminar os culpados por quaisquer desvios neste campo. Os participantes desse evento certamente tomaram conhecimento das declarações feitas pelo ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), afirmando que o crime de corrupção no Brasil superou o tráfico de drogas, o contrabando de armas e de munição e, atualmente, é o que gera mais recursos para a lavagem de dinheiro. São denúncias muito sérias, que exigem respostas transparentes, que satisfaçam a opinião pública e as demandas da justiça. Tais respostas urgem, pois a onda de denúncias de elevado teor só tem feito crescer, e pode ter vários efeitos negativos para a cidadania ou por banalizarem crimes condenáveis (cristalizando concepções tipo rouba, mas faz) ou por abrir espaços para soluções golpistas de todos os tipos (nas quais, invariavelmente, são trucidados os legítimos resultados das urnas, em benefício de grupelhos pretensamente moralizadores). Resta cobrar soluções urgentes dentro da normalidade constitucional, e que mais medidas efetivas de controle legal sejam implementadas (como a intensificação da ação fiscalizadora da Controladoria-Geral da União em todos os segmentos) e que nenhuma denúncia fique sem resposta efetiva.