Opinião
Um n�o � guerra

Dita pelo primeiro-ministro Tony Blair, antes de ontem, uma frase desastrada ganhou o mundo: [os atentados de 7 de julho] estão a serviço do Islã. Imediatamente, os inúmeros muçulmanos que vivem no Reino Unido sentiram-se ameaçados e a própria BBC divulgou várias declarações de preocupação de islâmicos honestos e trabalhadores de que uma reação violenta possa atingir quem nada tem a ver com o terrorismo, e que essa reação possa metamorfosear-se em uma retaliação religiosa. As preocupações são justas e devem despertar as autoridades de cada país envolvido nessa guerra sem quartel para a necessidade de se diferenciar os terroristas que agem justificando como bandeira a religião dos crentes pacíficos, que apenas são fiéis a suas concepções religiosas e vivem longe das ações sanguinolentas características do terror organizado. A própria Grã-Bretanha tem vivido sob sangrentas disputas políticas e nacionalistas que têm usado como justificativa uma suposta incompatibilidade entre cristãos, opondo como inimigos mortais católicos e protestantes. Opor agora, oficialmente, cristãos e muçulmanos, é tudo que o mundo não pode desejar. Que os criminosos responsáveis pelo sangue de 7 de julho de 2005 sejam caçados, mas que isso não produza bodes expiatórios. É natural que os grupos terroristas que se identificam com a revolta contra as invasões do Iraque e Afeganistão sejam os principais suspeitos. Mas, como poderia alertar Sherlock Holmes, pode não ser tão elementar, caro Watson. Especialistas ingleses em segurança levantam que outros tipos de terroristas deveriam ser investigados, em função das características dos atentados da quinta-feira. Pelo sim, pelo não, o mundo sofrerá menos se os preconceitos religiosos forem deixados de lado neste momento, principalmente pelas autoridades constituídas.