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Nº 5811
Opinião

Op��o priorit�ria

HUMBERTO MARTINS * O sucessivos aumentos no preço do barril do petróleo, como conseqüência da instabilidade permanente que acomete o Oriente Médio, fazem renascer no Brasil aquele que foi o principal programa econômico do País, nos seus quase 200 anos co

Por | Edição do dia 07/05/2002 - Matéria atualizada em 07/05/2002 às 00h00

HUMBERTO MARTINS * O sucessivos aumentos no preço do barril do petróleo, como conseqüência da instabilidade permanente que acomete o Oriente Médio, fazem renascer no Brasil aquele que foi o principal programa econômico do País, nos seus quase 200 anos como nação independente: o Proálcool. Para os que não conhecem os principais episódios da recente história econômica nacional, vale à pena lembrar que no início da década de 1970 – século passado – o Brasil foi atingido em cheio pela crise internacional do petróleo. Divergências entre os principais produtores, no Oriente Médio, e os grandes consumidores ocidentais – Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Itália e outras nações – levaram a Organização Mundial dos Produtores de Petróleo (Opep) a reduzir drasticamente as exportações. O Brasil, que crescia a uma taxa média de 10% ao ano e que importava do Oriente Médio mais de 70% do petróleo que consumia. Era época do regime militar, em que as decisões não dependiam de um amplo debate. O presidente de então, general Ernesto Geisel, assessorado por um pequeno grupo de técnicos e com o apoio de uma expressiva parcela do empresariado rural, lançou então o Proálcool. Colossais financiamentos a juros baixos proporcionaram o plantio de milhões de hectares de cana-de açúcar, indústrias paulistas passaram a fabricar, em grande escala, destilarias autônomas, e as usinas já instaladas equiparam-se com destilarias anexas, aumentando, em curtíssimo prazo, a produção de álcool. Na segunda década de 1974, mais de 90% dos automóveis comercializados eram movidos a álcool. Aperfeiçoamento de caráter técnico nos motores e misturas do álcool com outros combustíveis, inclusive de origem vegetal, poderiam ter ampliado o consumo de álcool à frota de caminhões e ônibus. Foi então que ocorreram fatores adversos, que aliados à má vontade de alguns setores com o Proálcool, abriram caminho para a derrocada do programa. Produtores de petróleo do Oriente Médio compuseram-se com os grandes consumidores do Ocidente, com o que as exportações reiniciaram-se. O aumento nos preços internacionais do açúcar fez com que os produtores brasileiros de álcool colocassem o chamado combustível verde em segundo plano, provocando o desabastecimento, e o governo federal, apavorado com a perspectiva de falta de álcool, importou apressadamente grandes quantidades do produto, de –qualidade inferior. Importante é salientar que as divergências entre o governo federal e os produtores, sobre o preço do álcool, à época, contribuíram para agravar a situação do abastecimento. Traumatizados com o fantasma do desabastecimento, os consumidores passaram a rejeitar o carro a álcool. Em curto prazo, as vendas de carro a álcool despencaram, para satisfação das empresas internacio-nais, nacionais, produtoras e distribui-doras do petróleo. As informações de que os consumidores voltaram a procurar o carro a álcool, se houver competência das autoridades a que estão afetas a matéria e dos produtores, podem ser o começo de uma nova era para o álcool no Brasil. Os tempos mudaram, o País depende apenas em 25% do petróleo importado, o gás ganha cada vez mais consumidores entre os automobilistas, mas o álcool, produzido com tecnologia nacional, gerador de empregos e fatos importantes para o equilíbrio econômico e social de vastas regiões do interior do Brasil, continua como opção prioritária para o progresso e o desenvolvimento. (*) É DESEMBARGADOR DO TJ/AL

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