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Nº 5808
Opinião

Palavra �tica

GILBERTO DE MACEDO * Ética é toda palavra que se expressa com respeito aos valores. Palavra pura, límpida, transparente: palavra literária; direta, descrevendo com objetividade os fatos que nomeia: palavra científica. Revelando com nitidez os acontecimen

Por | Edição do dia 08/05/2002 - Matéria atualizada em 08/05/2002 às 00h00

GILBERTO DE MACEDO * Ética é toda palavra que se expressa com respeito aos valores. Palavra pura, límpida, transparente: palavra literária; direta, descrevendo com objetividade os fatos que nomeia: palavra científica. Revelando com nitidez os acontecimentos do passado: palavra histórica. Imaginando os sonhos do presente: palavra poética – a metáfora. Refletindo com lógica as projeções do futuro: palavra filosófica. Verdade, palavra mais rica de valores, em todos os fatos, e acontecimentos da esfera pessoal e da social; da realidade interna e da realidade externa. Tanto desde o ângulo dos sentimentos quanto aos do intelecto. Dela dizia com a sabedoria Massilon: “A verdade, essa luz celeste, é a única coisa que no mundo se faz objeto dos cuidados e das investigações dos homens. Só ela é a vida de nossa virtude, a regra do nosso coração, a fonte dos verdadeiros prazeres, o fundamento de nossas esperanças, o consolo de nossos temores, o alívio de nossos males, o remédio de nossas penas”. É assim construtiva e instrutiva. Distingue o certo do errado. Mostra o caminho certo. Separa o autêntico do falso. Dirime as dúvidas, levando à célebre frase de Helvécio: “A verdade é uma tocha que brilha entre as trevas, sem dissipá-las”. Iluminando, a realidade, evita confusão e dúvida, em todos os aspectos da vida. É o maior e melhor bem do Homem, como diz Santo Agostinho: “A verdade é doce e amarga; quando é doce, perdoa; quando é amarga, cura”. Lealdade é outra palavra respeitosa da convivência humana apoiada na dignidade ética dos sentimentos e na lucidez da consciência. Expressa melhor traço do caráter pessoal. Como dizia o filósofo Lúlio: “Os caminhos da lealdade são sempre retos”. Fé, palavra expressiva de maior pureza, da elevação da alma. Inteira devoção e absoluta confiança, que levou o próprio Voltaire a dizer: “...caminhamos, mas caímos; somente a fé nos levanta”. Perdão, ética pela elevação do sentido íntimo e pelo significado do ato todo voltado para a doação do bem; sem qualquer interesse egoísta ou lucrativo. Tolstoi foi quem definiu. “Tudo compreender é tudo perdoar”. É ver o mal na intimidade dos motivos ou nas razões das causas, ver as raízes. Amor, absolutamente ética, porque não admite qualquer desvio ou transgressão de sentimento, nem de pensamento. É sim ou não. Inteireza de afetos, sem qualquer interferência de poder ou de natureza material externa. Harmonia de todos os valores num só sentimento. Assim, doação afetiva no amor interpessoal, no amor maternal, no amor paterno, no amor filial e, mais perfeito, no amor divino. A respeito Hesiodo disse tudo: “O amor é o arquiteto do universo. Liberdade, enquanto representativa da maior grandeza da condição humana e da melhor qualidade da sociedade. É forma de comportamento expontâneo realizado de acordo com os desejos e ideais pessoais nos limites estabelecidos pelos preceitos legais com vistas à convivência na sociedade, razão lógica de Bontempelli dizer: “O homem livre não quer dominar outro homem; a liberdade está em antítese tanto com a escravidão como com o desejo de mando”. Justiça, expressiva de um valor indispensável à ordem social expontânea. Sem justiça não há sociedade organizada, mas impostora da ordem, constrangedora do bem-estar, obstaculizante à boa convivência. Em vez de conjunto organizado de pessoas, um amontoado de indivíduos entrechocando-se, com suas conseqüências: mal-estar, tensões, violência. Daí a inteira razão de Juan Luis Vives. “A Justiça é o vínculo das sociedades humanas; as leis emanadas da justiça são a alma de um povo”. (*) É MÉDICO

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