Opinião
Imagem do descaso

Recentemente, a Operação Guabiru causou um tremendo choque aos alagoanos quando revelou as acusações de falcatruas relacionadas com a merenda escolar. De pronto, a opinião pública classificou os envolvidos e supostos participantes do esquema como guabirus e ainda ecoam nos ouvidos da cidadania os ditos e protestos contra toda aquela situação. Situação, por sinal, que ainda espera uma solução definitiva, com a confirmação de culpados ou apresentação de inocentes dentre todos os supostos integrantes do conluio que estaria desviando recursos da merenda escolar. Não houve divergências, junto à opinião pública, quanto à condenação do gesto de desviar a merenda escolar. Naqueles momentos, independentemente de valores, o motivador da repulsa popular era o fato de se ?retirar a comida da boca das crianças?. Aí está um sentimento que vale a pena ser estimulado, o do cuidado com a alimentação na escola. Ontem, a mídia testemunhou a ação do Ministério Público de fiscalização sobre a qualidade da merenda escolar fornecida em centros de ensino da rede estadual de educação. E eis que várias irregularidades foram constatadas, entre estas, charque estragado prestes a ser servido às crianças. Leve-se em consideração a dificuldade para se conseguir estragar charque (carne especialmente tratada para resistir às intempéries) e teremos identificado uma capacidade especial para se causar prejuízo ao erário. A partir desta constatação, será importantíssimo um aprofundamento do trabalho fiscalizador do MP. As irresponsabilidades no desperdício com a alimentação escolar devem ser apuradas com o mesmo rigor empregado pela Operação Guabiru no combate ao desvio de recursos perpetrado por gangues organizadas. Roubada ou jogada fora, a merenda escolar desperdiçada é um crime contra a cidadania.