Ato pol�tico ou clamor
CÁSSIO CURY MATTOS * Há anos profissionais de RH vêm defendendo a necessidade da modernização da já ultrapassada CLT. Todos os envolvidos concordam, porém, cada um defendendo seus próprios interesses, o que tem engessado qualquer iniciativa nesse sentid
Por | Edição do dia 09/05/2002 - Matéria atualizada em 09/05/2002 às 00h00
CÁSSIO CURY MATTOS * Há anos profissionais de RH vêm defendendo a necessidade da modernização da já ultrapassada CLT. Todos os envolvidos concordam, porém, cada um defendendo seus próprios interesses, o que tem engessado qualquer iniciativa nesse sentido. Diante da quase impossibilidade de fazê-la por completo a exemplo de outros países, inclusive da América do Sul, a ABRH tem propugnado que ao menos seja adotada uma branda flexibilização. A bandeira empunhada é a de que, respeitados os direitos constitucionais se dê oportunidades para que empresas e trabalhadores possam encontrar mecanismos para cumpri-los de acordo com o momento econômico, político e social, sempre contando com a participação ativa dos seus respectivos sindicatos laborais. Fato que nos parece sensato nesses tempos de grande turbulências mundiais com reflexos diretos no destino do País e, conseqüentemente das empresas. Nos entra muros, todos concordam que nossa legislação trabalhista necessita de uma modernização profunda sob alguns aspectos. Porém, quando o debate vai a público, tudo o que se tem dito não vale mais nada. Por trás desta contradição fica evidente uma absurda guerra pseudo-ideológica entre as diversas facções sindicais e políticas. Ao nosso ver, é inadmissível que tal engessamento continue a fragilizar a economia, que necessita recuperar o tempo perdido para poder competir em igualdade de condições com outras nações. O que nos deixa ainda mais perplexos é que essas mesmas correntes que repudiam a flexibilização da CLT valem-se dela nas suas negociações quando estão sob a ameaça do desemprego em suas bases territoriais. Para complicar ainda mais, choca-se a votação da CLT com a CPMF. E como num passe de mágica fica o dito pelo não dito. Nessa luta entre o marisco e o rochedo, continua sofrendo o marginalizado trabalhador brasileiro. A procrastinação anunciada afastará novos investi-mentos estrangeiros, necessários para o desenvolvimento do País e, por conseguinte, para geração de novos empregos. Estes, por sua vez, poderiam amenizar parte de nossos crônicos problemas sociais de um lado tirando o jovem da marginalidade, do outro reforçando o caixa da própria Previdência Social. Precisamos empreender esforços para desenvolver a esperança ao nosso povo. Parte dela está relacionada à geração de empregos, porque sem eles não há futuro. Sem futuro não há sonho e sem sonhos não há como construir uma nação justa, ordeira e progressista. (*) É PRESIDENTE DA ABRH - NACIONAL