Opinião
Um rei na festa de Deus

| Luiz Barroso Filho * Foi assim, com ironia, que anunciaram a presença do Rei Pelé, para um bate-bola, no programa de estréia do ex-jogador argentino Diego Maradona como apresentador de televisão. O clima cordial do encontro, no entanto, não sanou o mal-estar que existe no Brasil e na Argentina, pelo fato de o título de melhor jogador de futebol do século XX, concedido pela Fifa, no ano 2000, pertencer aos dois ex-atletas. Para entender a polêmica sobre a concessão da mesma honraria aos dois ídolos, a entidade máxima do futebol mundial, sem justificar os critérios da escolha e sem levar em conta a condição de rei do futebol consagrada ao brasileiro, decidiu pelo empate. Desse modo, beneficiando o argentino, o que só serviu para acirrar a rivalidade que envolve os torcedores brasileiros e argentinos. Independentemente de idolatria e do que ocorreu nos bastidores da poderosa federação de futebol, não se pode negar as qualidades técnicas e o ótimo desempenho que Diego Maradona sempre apresentou como jogador. Contudo, sua importância para a história do futebol está muito aquém da contribuição dada por Pelé, que foi um atleta excepcional, e conforme traduziu o ex-coordenador técnico da Seleção Brasileira, Antônio Lopes: não há termo de comparação entre Maradona e Pelé, que dominava a técnica em todos os fundamentos, chutava bem com as duas pernas, tinha excelente cabeçada, lançamento, velocidade e vigor físico, enquanto o argentino se destacava pela habilidade na perna esquerda e pela visão de jogo. Além disso, Pelé conquistou mais títulos e mais prestígio internacional do que o arrogante Dieguito, que foi punido pela própria Fifa, por ter jogado dopado na Copa do Mundo de 1990, e, ainda, teve um fim de carreira lastimável, diferentemente do jogador brasileiro. Nessas condições, pode-se afirmar que os exemplos deixados por Pelé, como atleta, devem ser seguidos. Com relação a Maradona, por ser usuário de drogas, sua indicação ao título de melhor jogador do século XX, não podia sequer ter sido cogitada, devido a essa conduta incompatível com a prática esportiva. Mesmo assim, Maradona é endeusado pelo povo do seu país, que o considera melhor do que Pelé. Mas, quem resumiu essa questão de forma adequada, foi o cronista carioca Paulo Stein, depois de ter presenciado o referido jogador agredir um jornalista: Quem nasceu pra Maradona, nunca chegará a Pelé, nem dentro, nem fora do campo! (*) É advogado e membro da Academia Maceioense de Letras.