Opinião
O Imperialismo e a li��o da natureza

| Izabel Brandão * O fim do domínio imperialista e da expansão colonialista deixou um legado curioso: as antigas colônias passaram a fazer um processo inverso de colonização a partir da migração de ex-colonizados para a terra do colonizador. Esse movimento é o que se chama de diáspora. Nesse processo, levaram um pouco da sua cultura, da sua música, da sua alegria. Também levaram parte dos problemas que os motivaram a mudar de pátria: a pobreza, o desemprego e o sentimento de que precisavam estar no mundo como quem pertence a algum lugar. Criaram comunidades próprias, com sua linguagem e modo de vida único. Brincadeiras à parte, os Estados Unidos, que foram país colonizado um dia, passaram a ser o colonizador, desde o fim da II Guerra Mundial, quando iniciaram a instauração de um novo processo de colonização do mundo, ou neocolonização. Líderes como Bush são totalmente identificados com o arquétipo (imagem ancestral) da sombra, isto é, tudo o que de mais negativo pode existir em relação a uma pessoa. A imagem da sombra pode ser associada facilmente a homens como Hitler, cuja sede de poder fazia-o olhar o mundo como se fosse o dono, e como dono e tirano, podia por e dispor de vidas humanas da forma como bem quisesse. Bush, com a sua sanha de poder, tem sido quase indestrutível. Quase... A semana passada trouxe uma lição da natureza para o mundo. A grande potência mundial se viu (e ainda se vê) diante de uma grande tragédia até então desconhecida para muitos americanos nestes últimos cinqüenta anos. Furacões vêm e vão na terra americana desde há muito tempo. Mas não como o feroz Katrina que devastou a terra do jazz e vem mostrando para o mundo uma face nunca vista antes: o americano que sofre de privações. O agravante dessa triste história é que, mais uma vez, o lado mais prejudicado da tragédia foi o dos negros, esquecidos pelo governo de Bush, que custou a olhar a região de New Orleans. E agora, o país de Bush se vê à mercê não mais de um Osama Bin Laden, que destruiu as torres gêmeas, no fatídico 11 de setembro. Os Estados Unidos hoje se vêem à mercê de um poder que jamais poderão controlar. Um poder que pode destruir, matar, remeter à barbárie, como o que está acontecendo pela região devastada pelo Katrina: fome, desespero, doenças, mortos a céu aberto, enfim. A natureza mostra com sabedoria à humanidade em geral, e aos americanos em particular, que a arrogância imperialista cujo poder tudo pode na casa alheia, não pode nada na própria casa, diante de um poder maior que o seu. (*) É professora da Ufal.