Alagoanos de fora - Editorial

O decreto que D. João VI assinou em 16 de setembro de 1817, tornando Alagoas emancipada, tratava, também, do território da mais nova capitania, traçava suas divisas e lhe dava algo mais que um mapa, conferia-lhe independência. Mas o que se vê hoje nas divisas que nosso Estado compartilha com outros três da federação (Pernambuco, Bahia e Sergipe) confundiria o antigo regente português. Alagoanos residentes em municípios das divisas têm maior vínculo com nossos vizinhos que com a própria terra. Nesses estados, os alagoanos fazem de tudo, divertem-se, movimentam o comércio, adquirem sotaque, aumentam a arrecadação de impostos, vão ao médico e se apaixonam até pelo futebol “rival”. A questão não é apenas um conflito bairrista, pois essa falta de laços dos alagoanos com a sua terra afeta diretamente na economia do Estado, e dos próprios municípios onde residem. Mas esse fato é completamente compreensível. Parece que o governo alagoano se esqueceu de suas divisas, lá faltam hospitais que atendam à demanda de doentes, faltam incentivos para o comércio, falta transporte para aproximar e fortalecer os vínculos dos alagoanos com seu território. Por isso, é natural que a população vá buscar assistência e oportunidades onde elas existem. Na verdade, o governo se omite de obrigações na totalidade de seu território, deixando que os governos de Pernambuco, Sergipe e Bahia se encarreguem dessa demanda de serviços e aumentem seu orçamento. Já diz o ditado que enquanto uns choram, outros vendem lenços. A presença governamental precisa ser marcante e eficiente nessas localidades, os incentivos por parte do poder público devem surgir. Do contrário, do que valeu D. João VI ter assinado nossa emancipação política e territorial em 1817, se em algumas localidades do Estado, não somos suficientes?