Opinião
O horizonte!

| Gilberto de Macedo * O horizonte, diz-se a linha circular, até ao alcance da visão do observador. É o limite, ao longe. Longe, como se fosse o fim do universo. Lá, onde o mar parece terminar, despertando a imaginação com intenso fervor, a bela visão panorâmica. É o horizonte geográfico, físico, percebido pela visão de quem olha. Daí que, se não se olha com entusiasmo, não se apreende o sentido do mesmo, enquanto rica experiência pessoal, ensejando a significativa expressão de Angel Ganizet: O horizonte está nos olhos e não na realidade. Olhos que conduzem à mente o que é percebido sensorialmente; apreendem a figura que mente transforma em imagem numa metamorfose interna. Ao amanhecer, é a luminosidade dos raios solares, realçando o colorido verdejante das ondas dos mares, dando um brilho encantador que torna o horizonte mais visível e sugestivo. É o raiar do dia com seu clarão, permitindo a melhor identificacão, com toda nitidez. Dá-se o nascimento de um novo dia. Ao entardecer, acontece o desvanecimento da figura, que desaparece com o pôr-do-sol, restando a lembrança, gravada na memória do expectador. É o ocaso, no fim do dia, para renascer no amanhã, e, assim, repetidamente, na passagem rítmica da seqüência cronológica. Acontece o término temporário do horizonte. Há, ainda, no plano simbólico, o horizonte humano. Diz da perspectiva do destino traçado pela imaginação. Perspectiva rica de sentido! Se positiva, otimista, tende ao sucesso. Horizonte aberto aos encantos da vida, criativo, no qual somente percebe-se o bem e o belo. Horizonte que sugere a melhor realização pessoal, atenta ao dizer do poeta Pablo Neruda, quando aconselha ... deixar crescer o vento, também dentro de ti... posto que ... é puro o som do céu, a voz azul do ar. O contrário dá-se com o horizonte fechado, guiado pelo pessimismo negativista. Sem expectativa alvissareira. É o horizonte de vida bloqueada por obstáculos, tidos como insuperáveis no curso de destino. Inibidor não acena sem qualquer expectativa de realização dos anseios pessoais. Daí a insatisfação difusa e a revolta indefinida. Enfim, o horizonte humano está na perspectiva de vida, estabelecida na mente. É assim, do interesse de todos, daí a sugestão para se instalar dentro de si, um horizonte brilhante, que faz caminhar para o futuro, com entusiasmo e confiança. Quem não cria o seu bom horizonte não sabe qual rumo tomar, não tem iniciativa, esperança e fé. Fica impassível e inerte, sem nada desejar. Que se crie, pois o horizonte convincente para valorizar a existência. É o horizonte na linha da vida. (*) É médico.