Opinião
Vigil�ncia talhada! - Editorial

As condições de higiene, ou melhor a falta de higiene, que foi um dos motivos de interdição de uma fábrica de laticínios em Santa Luzia do Norte travou a garganta dos alagoanos, que ficaram enojados com a precária atuação dos órgãos de fiscalização sanitária do Estado. Para melhor entendermos a questão, vale recordar que a fábrica foi interditada pela vigilância sanitária de Santa Luzia do Norte, devido a denúncias de populares; notificada pelo Instituto do Meio Ambiente, porque estava despejando seus dejetos num riacho que abastece a rede da Casal e notificada pelo Conselho Regional de Veterinária, pela ausência de um veterinário responsável. O mais revoltante, no entanto, é que os produtos dessa fábrica (o iogurte Frutagut, queijo coalho e leite tipo C) estavam sendo comercializados com o assentimento do Serviço de Inspeção Estadual (SIE), que lhes concedeu carimbo de aprovação, apesar de todas as irregularidades constatadas no local. Vale dizer que as pessoas consumiram esses produtos confiadas no selo emitido pelo SIE, um órgão oficial do governo que deveria impedir a comercialização de tais produtos, feitos sem as mínimas condições de higiene. As moscas do descaso público não sobrevoam apenas as instalações da fábrica, mas também a cabeça dos responsáveis pela área, que nem se justificaram de maneira clara pela mancada. Se um órgão de fiscalização sanitária não atua de maneira eficaz, todo o sistema de vigilância do Estado está contaminado pela ineficiência. O SIE é sobrecarregado, com apenas dois veterinários, que são responsáveis pela fiscalização de mais de 130 estabelecimentos em toda a Alagoas. Qual a credibilidade de selos que, algumas vezes, não garantem a qualidade dos alimentos? Qual a credibilidade de órgãos de inspeção que, algumas vezes, não inspecionam?