Coragem e den�ncia - Editorial

Ao mesmo tempo em que tem de lutar contra a crescente espiral do crime organizado, a sociedade está sendo chamada a lutar contra um crescimento dos crimes contra as mulheres. Talvez as estatísticas oficiais ainda não tenham registrado esse lamentável crescimento, mas lendo-se com atenção o noticiário policial, percebe-se nitidamente uma abundância de matérias, reportagens, notas, dando conta de atos criminosos contra mulheres. Ontem, na página inicial do caderno Cidades, desta Gazeta de Alagoas, todo espaço editorial foi ocupado por notícias sobre crimes cujas vítimas foram mulheres, e em todos os três casos abordados, a motivação é a mesma: passional. No trio de ocorrências violentas, parece prevalecer um sentimento de impunidade por parte dos agressores. Dos três casos registrados ontem, em um deles está marcado o completo desajuste, pois o agressor tentou tirar a própria vida, depois de tentar matar a ex-esposa. Nos outros dois casos reportados, apenas uma suposta (e perigosa) certeza de impunidade pode dar sustentação a tamanho descalabro, envolvendo nesses dois casos, rapto e violência sexual. Repetindo: só muito sentimento de impunidade pode alimentar tais barbaridades. Apenas uma atitude, por parte dos poderes públicos, pode frear esse sentimento por parte dos agressores: o mais exemplar rigor por parte das autoridades policiais e judiciárias, e o destemor das vítimas e de suas famílias, que não podem silenciar em ocorrências dessa natureza. A denúncia e a cobertura da imprensa são instrumentos indispensáveis a este combate. É fundamental às vítimas e suas famílias o enfrentamento ao sentimento de humilhação e de temor de represálias por parte desses marginais. Quanto mais se resguardar informações sobre esses crimes, mais à vontade se sentirão os criminosos.