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segunda-feira, 17/03/2025 | Ano | Nº 5924
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Opinião

Segundo pedido

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| Marcos Davi Melo * Uma extensa pesquisa de opinião englobando as diversas classes sociais foi feita pela Folha de São Paulo cuja única pergunta era: “Se um gênio da lâmpada lhe desse direito a apenas um pedido, o que pediria?”. A resposta que ganhou disparado em todas as classes sociais, inclusive nas C e D foi: “Eu queria saúde”. Em seguida, vinha, dinheiro, mulheres, segurança. A pesquisa da Folha ganha relevância com a aproximação do Dia dos Médicos e o lançamento pelo Presidente da República do Saúde Para a Família Brasileira, feito no Rio de Janeiro, na quadra da Escola de Samba Mangueira, quando se conheceu a visão oficial de Lula sobre a Medicina e os médicos. A opinião do presidente está disponível no site do PT na Internet. Em resumo, exalta o papel do SUS, sua capacidade de fazer crescer a eficiência do dinheiro gasto em saúde; reclama do pouco investimento feito atualmente em saúde no País (0.65 reais per capita/dia), para fazer do pré-natal ao transplante de órgãos; critica o descaso perpretado no governo FHC contra o setor, quando a inflação de 2003 foi 6% e o crescimento de gastos na saúde foi de apenas 1.8%; denuncia que o doente hoje, no serviço público, não passa de um número, uma ficha e finalmente pede a humanização no relacionamento médico-paciente. O documento do presidente não esclarece algumas questões básicas, tais como: por que o Rio de Janeiro tem a maior rede de hospitais públicos, tem o maior custo per capita do Brasil, é lá onde a crise no setor é maior e o modelo se mantém? Finalmente, se a saúde é a principal preocupação da população e os investimentos em saúde é uma forma de redistribuição de renda e um instrumento de justiça social, o que o seu governo avançou no setor em relação ao do insensível FHC? Caso o gênio perguntasse aos médicos qual seria o seu único pedido, eles também pediriam saúde. Em sua maioria, ganhando muito mal por extenuantes jornadas de trabalho, como pais ternos que cuidam de seus filhos, eles gostariam de dedicar tempo, atenção e carinho aos seus pacientes, para que eles se sentissem aceitos, protegidos e seguros. Mas, para que exista a prática ética e humanitária, sustentáculo da Medicina, é necessário que a humanização comece pelas condições de trabalho dos médicos, que no Brasil atualmente são deploráveis. Se o gênio em homenagem ao Dia dos Médicos oferecesse um segundo pedido, esse seria que os discursos dos políticos e a ação dos burocratas se aproximassem da realidade. (*) É médico.

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