Opinião
Por que votar n�o no dia 23?

| AUGUSTO GALVÃO * Querem desarmar? Desarmem a todos. Desarmem primeiro os bandidos, os ladrões, os seqüestradores, os terroristas, os neuróticos. Depois desarmem os alucinados, os desequilibrados, os irresponsáveis, os alucinados, os despreparados. Desramem aqueles que têm desvios de conduta. Desarmem os errados. Não desarmem os corretos. Todo o dinheiro que está sendo gasto nesse referendo (mais de R$ 600 milhões) deveria estar sendo usado para separar os errados dos corretos. Mas não desarmem só os corretos. Eu sou correto. Cumpro a lei. Já fui vítima de infâmias e não apelei para as armas. Apelei para a lei. Jamais partiria para o embate físico, a não ser para defender a minha família. E, nessa hora, dependendo do que aconteça, quero estar preparado, quero ter uma arma em meu poder. O bandido saberia que estaria correndo um risco desnecessário. Melhor, para ele, procurar uma outra casa onde não houvesse reação. Andar armado na rua é errado. Ter arma em casa para a sua própria defesa é correto. O bandido não pode ter a certeza de que todos estão desarmados. Ele deve ficar sempre na dúvida. A obrigação de registro da arma e a fiscalização implacável das lojas que vendem armas são ações corretas. Exames apropriados para avaliar se a pessoa pode ter uma arma também são. Mas, simplesmente, desarmar o cidadão de bem não é correto. A Constituição assegura ao cidadão o direito de proteger, com os meios que disponha, sua vida, sua dignidade, seu patrimônio e sua família. Quero ter o direito de ter uma arma para fazer valer meus direitos constitucionais, para me defender, já que o governo é incompetente e não consegue defender os cidadãos. Se o governo quer o desarmamento deve providenciar a segurança da população. Quem quer os fins, providencia os meios. Eu sou correto. Quero tratamento diferente dos errados, dos bandidos. Quero a liberdade para ter uma arma e resistir aos bandidos, já que o governo não consegue. Quero ter a possibilidade de enfrentar os bandidos em igualdade de condições. Quero rosnar. Não quero miar. Respeito os que pretendem desarmar a todos. Exijo, entretanto, que comecem o desarmamento pelos errados. Só depois devem ser desarmados os corretos, os homens de bem. Os bandidos não compram armas nas lojas. Compram armas vindas do Paraguai ou as roubam dos quartéis. E o governo é incompetente para impedir o tráfico. (*) É presidente da Associação dos Procuradores do Estado de Alagoas, professor de Direito da Ufal e advogado.