A resist�ncia!

| GILBERTO DE MaCEDO * Resistência! Palavra heróica. Diz da coragem pessoal, da dignidade de enfrentar uma situação injusta, de se posicionar contra o mal, de repudiar a perversão, de assumir uma posição nobilitante na vida. É resistir sempre. Diz da disposição pessoal, acima de todas as dificuldades, contra tudo e contra todos que lhe pareçam errados. É a bravura na solidão. Diz dessa aptidão para manter a própria identidade e conservar a plena autenticidade individual. Essa capacidade de se conservar como tal, não se deixando desfigurar por interesses subalternos e influências externas alienantes. Não ceder por medo e, muito menos, por covardia. Fazer com simplicidade e decisão consciente. Resistir é coragem de ser! E, assim guiado pelos valores: da verdade e do bem, da justiça e da lealdade, da fraternidade e da sinceridade. Resistir é coragem. Logo, para não ceder às imposições falsas, e não desistir do ideal, e, então, prosseguir firme, com vistas à realização da meta programada. É conduta de inteligência e discernimento. Busca de soluções, sem desistência ante os obstáculos, sem antecipar impedimentos, reais ou imaginários. Significa firmeza de temperamento com limpidez de caráter. Resistir para o bem e contra o mal. Caminhar com fé e esperança e convicção para construir um ideal de vida, através de várias modalidades, conforme veremos. Resistência humanística, visando preservar os valores dentro de si, e nas manifestações do comportamento. Bem dizia Otto Maria Carpeaux: “... O humanismo ... é a nossa razão de viver.” Resistência Social, que é luta pela correta socialização pessoal na assimilação dos verdadeiros valores da sociedade não se aceitando os estímulos destrutivos. É resistência em prol da solidariedade, visando o bem-estar geral. Resistência sentimental, para conservar sensível o coração sem deixá-lo endurecer em decorrência de experiências desagradáveis no curso da vida. Resistência íntima e essencial. Resistência política, para respeitar a cidadania, e que se inspira na obediência aos princípios de justiça e liberdade, como ensina o filósofo Alain: “Resistência e obediência, eis as duas virtudes do cidadão. Pela obediência garante a ordem; pela resistência, garante a liberdade”. Diz tudo da cidadania. É a resistência da coragem. Resistência intelectual, diante do utilitarismo material que envolve a sociedade, hoje em dia. Resistência ética, para não aceitar a corrupção, sobretudo no âmbito do poder governamental, pois aí o mal afeta a toda a sociedade. Resistir com consciência. (*) É médico.