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quarta-feira, 26/03/2025 | Ano | Nº 5931
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Opinião

Contr�rio ao contra � sim

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| Enildo Marinho Guedes * Perplexidade foi o sentimento que tive diante da pergunta do último referendo. Sei que não sou um artista da palavra, mas vale a máxima: se podemos facilitar, para que complicar? A semântica era simples: ser a favor ou contra a comercialização de armas de fogo no Brasil, mas a forma ziguezagueava o caminho da compreensão. Imaginei que além do referendo as autoridades quisessem testar outros conhecimentos que eu, até então, não estava compreendendo. Tentei entender... Em tempos de mistérios e códigos das sociedades secretas – Templários, manuscrito do Mar Morto, código de Leonardo – pensei que a pergunta pudesse conter alguma pista para explicar os segredos do templo do rei Salomão ou das ordens, mas desisti da idéia... Pensei que pudesse conter alguma forma moderna de ensinar a maiêutica socrática, ou novas revelações que Diógenes encontrara ao focar a lanterna para o palácio, ou um novo discurso do sofista Protágoras, ou uma lógica dialética diferente da de Heráclito, ou talvez uma nova versão para a indução e dedução aristotélica... Não, não encontrei saída. Será que aquela pergunta continha o dilema shakespeariano – ser ou não ser – ou o dilema existencial – liberdade ou morte – ou o dilema Agostiniano – algo secreto da seita maniqueísta sobre o bem e o mal? Não, não dava para continuar por esse caminho... Devia conter naquela pergunta algo mais sério, inovador, uma nova heurística para resolver todos os problemas da humanidade! Não, não conseguiria tanto. Mas os cientistas sociais poderiam encontrar uma nova hermenêutica, axiomática, evidente, sem precisar da linguagem ou do referente... Assustei-me, estava próximo da magia, desisti... Senti a ditadura da linguagem sobre o pensamento humano e fui em busca das idéias saussurianas. Aquela pergunta deveria conter o mistério do signo, ultrapassando a esterilização fundante da lingüística e o imergindo inexoravelmente no mundo da história e do sujeito. Não, não continha. Essas coisas eram muito profundas, era devaneio de minha parte. As meus ouvidos chegou a alegria de Arquimedes sentindo a densidade dos corpos. Algo matemático me conduzia para encontrar a explicação para aquela pergunta. Estaria no esforço hindu-arábico na criação do sistema decimal! Não. Talvez estivesse na resolução do dilema das paralelas com a incongruência dos triângulos, ou na geometria, ou na essência dos números! (*) É professor universitário.

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