Opinião
Bom e mau exemplo - Editorial

Alagoas continua sob a tensão da insegurança pública. Ressalve-se o esforço da polícia em honrar suas responsabilidades, e um bom exemplo disso pode ser identificado na prisão dos suspeitos do seqüestro seguido do assassinato do estudante Guilherme Cabral. Contribui para o clima de insegurança geral exemplos negativos como a resistência das autoridades à determinação da Justiça de prisão temporária do secretário de Ressocialização e do diretor do presídio Baldomero Cavalcanti. Infelizmente, no saldo entre os exemplos positivo e negativo o resultado não é um a um, pois nessa conjuntura difícil por que passa nosso Estado, o lado negativo continua pesando mais e o desrespeito puro e simples a uma decisão judicial, por parte da autoridade de Estado, é um precedente muito ruim para as instituições. Ignorar decisão judicial é um passo num processo perigoso de desobediência à Lei. Que se discorde da medida e se encaminhe, pelos meios legais, a contestação à decisão mas que essa decisão seja acatada até nova posicição da Justiça, esse é o caminho correto. Há antecedentes de secretários estaduais em fuga de ordens de prisão, mormente geradas por descumprimento de decisões judiciais no campo econômico mas nesse caso, uma particularidade chama a atenção e confere uma qualidade especial à mesma situação de evasão: a polícia, aparentemente, se nega a prender policiais. Essa particularidade, mesmo que não corresponda à verdade dos fatos no caso comprovado de um verdadeiro esforço policial para cumprir a ordem de prisão ganha formato verossimilhante junto à opinião pública, contribuindo para antecipar julgamentos e espalha uma imagem de parcialidade sobre a autoridade policial. A população deve confiar nas instituições. Neste momento, é fundamental se estimular, com bons exemplos, a confiança da opinião pública em sua polícia.