Opinião
T�xicos e guerras

| Humberto Martins * A Organização das Nações Unidas, ONU, recomenda a todas as nações a fixação de impostos mais altos para bebidas alcoólicas e fumo, assim como medidas especiais de proteção para segmentos da população que julga mais frágeis e vulneráveis, tais como profissionais do sexo e usuários de drogas injetáveis. Recomenda também que a publicidade de bebidas alcoólicas seja limitada. Esses segmentos estão em situação de alto risco, no que concerne ao consumo de tóxicos e ao alcoolismo. A maconha é a droga mais consumida pela juventude, porém, nos últimos anos, tem ocorrido um enorme crescimento do uso de substâncias sintéticas. Embora reconheça o esforço da maior parte das nações para conter a utilização de estimulantes ilícitos, a ONU destaca que os jovens consomem cada vez mais pílulas, como o ecstasy, principalmente em locais de diversão. Nas nações subdesenvolvidas, inclusive no Brasil, o crescimento do consumo de drogas sintéticas ocorre mais em camadas economicamente privilegiadas, de maior poder aquisitivo. Nos países ricos, esse fenômeno é generalizado. Além de tóxicos e fumo, a ONU está preocupada com as conseqüências de conflitos localizados nas camadas mais jovens da população. Embora atinjam a totalidade da comunidade, as guerras localizadas prejudicam mais os jovens, que têm tolhidas assim suas oportunidades de educação e trabalho. Nessas oportunidades, crescem também as dimensões de crimes, tais como a violência sexual. Os números compilados pela UNU são estarrecedores: além de dois milhões de crianças e jovens que morreram em conflitos armados, nos últimos dez anos, outros cinco milhões ficaram, mutilados. Nas nações subdesenvolvidas, em circunstâncias normais, já são limitadas as possibilidades dos jovens terem um lar seguro e condições de vida razoáveis. Mas quando ocorrem conflitos, a rotina de dificuldades se multiplica destruindo o ambiente do lar, as oportunidades de nutrição, educação e trabalho. Problemas para serem equacionados e enfrentados num mundo que há 60 anos não assiste a uma guerra de grandes proporções, como a Segunda Guerra Mundial, que terminou há seis décadas. Mas onde a insegurança continua espalhando seus efeitos perversos. Tóxicos e guerras são instrumentos de destruição da sociedade como um todo, principalmente em relação aos jovens, com reflexos imediatos na soberania do país, afrontando a dignidade da pessoa humana. (*) É desembargador do TJ/AL.