Opinião
O livro da Academia

| GILBERTO DE MACEDO * O livro é um espelho histórico-cultural. Diz da mentalidade de uma época do passado, acompanhando-se da representatividade dos valores intelectuais de então. Trata-se do Livro da Academia Alagoana de Letras, reimpresso em 2003, do original publicado em 1931, data comemorativa dos dez anos de fundação da mesma. Sua reimpressão, portanto, assinala uma louvável decisão da atual diretoria da Academia de Letras, que não é justo deixar de assinalar. Livro precioso! Mais que simples enunciado extensivo de nomes pessoais, datas e fatos, constitui uma exposição comentada acerca do destino cumprido pela instituição no decorrer desses anos, que fez dela admirável órgão tradicional da cultura de nosso Estado. Uma apreciação elucidativa sobre as razões e motivos de criação da Academia, cujo desempenho permitiu-lhe o prestígio que desfruta em âmbito nacional. Nesse sentido, traz contribuições de grande valor literário através das contribuições de eminentes escritores da época. Autores ilustres que dão representatividade histórica às nossas letras. Assim, temos na ordenação expositiva, logo os dados biográficos dos fundadores - Arthur Acioly, Guedes de Miranda, Jayme de Altavilla, Padre Júlio de Albuquerque, Cipriano Jucá, Orlando Araújo, Carlos de Gusmão, Jorge de Lima, Ranulpho Goulart, Otávio Gomes, Hermann de Araújo Soares, Porina Cavalcante, e Virgílio Guedes; os patronos - Aristeu de Andrade, e Francisco de Paula Oiticica; antecessores - Ezechias da Rocha, e Carlos Pontes; e os sucessores - Costa Rego, Augusto Galvão, Ferreira Pinto. E, sobremaneira, a transcrição de ata de fundação da Academia, que ocorreu no salão nobre do Teatro Deodoro, em 01 de novembro de 1919, na qual, entre tantas manifestações da cultura de então, insere-se a clássica frase de Guedes de Miranda, quando diz que ... a força de uma nação reside mais no fulgor das suas letras.... E outras tantas contribuições meritórias: ensaios, poesias, discursos. Vale acrescentar que a ata foi elaborada por Jayme de Altavilla. Enfim, um documento literário que merece ser atenciosamente lido, por intelectuais, estudantes, e o público leitor interessado. É que, não se trata de um livro qualquer, sem originalidade e sem valor de conteúdo, senão que, ao contrário, o estilo peculiar de cada autor está preservado, e a matéria exposta, por seu caráter autenticamente histórico-cultural, dá-lhe relevância, que faz sua leitura indispensável para o conhecimento de nossa criatividade intelectual numa determinada época do passado. (*) É médico.