Opinião
Desafios crescentes - Editorial

Hoje Maceió completa 176 anos de sua elevação à categoria de cidade e, ao mesmo tempo, ao posto de Capital de Alagoas. A bem da verdade, o dia 9 de dezembro de 1839 marca o fim de um sofrido processo de oficialização de uma realidade indiscutível, firmada décadas e décadas antes da citada data. Maceió havia sido fundada e havia crescido distanciada dos cuidados, das normas e do reconhecimento oficial. Se poucas povoações brasileiras, durante os primeiros séculos de colonização, puderam dispor de algo parecido com planejamento urbano, Maceió não está incluída entre essas. Nossa capital foi se formando espontaneamente, tão ao largo das regras mínimas que norteavam os arruados que de seus primeiros dias não ficou nenhum registro além das ruas sinuosas. Quando foi notada pelos escribas das épocas passadas, já estava bem crescidinha. A ausência de planejamento urbano, portanto, parece estar na raiz de nossa cidade. Como se não bastassem os séculos ao descoberto de qualquer planejamento urbano, depois de longos anos de esforços ao longo das décadas de 70, 80 e 90 do século passado, finalmente se conseguiu definir um Plano Diretor, mas antes desse se consolidar, foi rapidamente aviltado e modificado, em função de pressões imobiliárias, e como que de repente, o precioso Litoral Norte teve suas defesas quebradas e ninguém sabe direito quais as normas, posturas e gabaritos a orientar a ocupação do solo maceiosense. Maceió deveria se presentear com uma correção histórica: o não-planejamento urbano. Cidade abençoada pela Natureza, Maceió tem sobrevivido ao descaso e a intempéries, tem se mantido bela, sempre luminosa. Com uma mãozinha de suas autoridades (planejando e executando o planejado), saberá cumprir seu destino: uma das mais belas e progressistas cidades do Brasil.