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Nº 5812
Opinião

O centro de Macei�

LUIZ GONZAGA BARROSO FILHO * Seria um delírio de algum saudosista pretender o retorno das sessões de arte no “Cine São Luiz”; um passeio à noite, na Rua do Comércio, para apreciar as vitrines das suas elegantes lojas; a volta do “quem me quer” na Praça D

Por | Edição do dia 15/05/2002 - Matéria atualizada em 15/05/2002 às 00h00

LUIZ GONZAGA BARROSO FILHO * Seria um delírio de algum saudosista pretender o retorno das sessões de arte no “Cine São Luiz”; um passeio à noite, na Rua do Comércio, para apreciar as vitrines das suas elegantes lojas; a volta do “quem me quer” na Praça Deodoro; um cafezinho gostoso no “Ponto Central”, ou uma cervejinha gelada no “Bar Colombo?” Sim! Porque as coisas aqui lembradas fazem parte do passado de uma cidade onde o crescimento desordenado, o aumento dos problemas sociais e a mudança dos costumes alteraram a sua fisionomia, conforme demonstra o Centro da Capital alagoana, especialmente a área comercial, que vem sofrendo sérias agressões, nos últimos anos. O depredado centro comercial de Maceió, outrora possuidor de um conjunto arquitetônico que, até a década de 60, chamava a atenção pela existência de belos prédios, hoje se encontra totalmente descaracterizado e não oferece nenhum atrativo. Ao contrário, a atual situação de abandono do Centro vem preocupando os comercian-tes e afastando o povo das compras naquele importante bairro, cuja decadência é atribuída, principal-mente, à invasão dos camelôs, é circulação de transportes coleti-vos na área comercial e à violência praticada por delinqüentes (cheira-colas e trombadinhas). Os problemas responsabilizados pelo caos no Centro da cidade são comuns aos de qualquer capital brasileira e, no caso de Maceió, a solução só virá com a execução do propalado “Projeto de Revitalização”, que, infelizmente, nunca saiu do papel. Agora, vislumbra-se a possibilidade da concretização do projeto, graças à arrojada ini-ciativa dos próprios comerciantes de encarar a recuperação do Centro, há muito tempo reclamada pela população e desprezada pelas autoridades. Sabendo-se que o desafio não consiste apenas em tapar buracos e coletar lixo, espera-se que ele não esbarre na falta de recursos e resulte numa simples maquilagem. Pois, o que se deseja é a verdadeira restauração do bairro e, para isso, o volume de obras requer também um dispêndio volumoso, já que não haverá uma contra-partida financeira do Poder Público. Tratando-se, porém, de uma área pequena e de poucas ruas, onde os trabalhos serão mais intensos, todos os esforços devem ser empregados, tendo em vista a sua revitalização, que trará significativos benefícios para o Centro da cidade, que ainda mantém construções de valor histórico e artístico, que deverão ser recuperadas e preservadas, para não se transformarem em estacionamento de veículos. Nesse sentido, vale a pena um trabalho de conscientização e até a utilização de mecanismos que proíbam a dilapidação dos imóveis. Assim, resolvidas as questões de infra-estrutura, priorizando-se a segurança pública, o trânsito e os camelôs, para os quais poderá ser reservado um espaço fechado nos moldes de um mercado, outras ações bem planejadas deverão soerguer o Centro e, conseqüentemente, o seu comércio. Uma delas é a utilização do acervo imobiliário: as igrejas, as praças, o Teatro Deodoro, a Academia Alagoana de Letras, a Secretaria de Cultura, o Arquivo Público, a Biblioteca Pública, o Instituto Histórico e Geográfico e outras entidades de utilidade pública, como atrativos, para a realização de eventos culturais, sobretudo para os turistas que, inclusive, gostarão de conhecer as ruas do Centro pelos nomes primitivos: Rua da Alegria, Rua Augusta, Rua do Apolo, Rua do Arcebispado, Beco São José, Beco da Moeda, Avenida da Paz, Rua Boa Vista, Rua do Sul e Rua Nova, nomes que nos fazem sonhar com um bairro mais humanizado e digno de uma Capital que possui o epíteto de “Cidade Sorriso”. (*) É ADVOGADO E MEMBRO DA ASSOCIAÇÃO ALAGOANA DE IMPRENSA

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