loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
sexta-feira, 28/03/2025 | Ano | Nº 5933
Maceió, AL
33° Tempo
Home > Opinião

Opinião

Um homem rico

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp

| RONALD MENDONÇA * Não é de hoje que poder e fortuna caminham de mãos dadas. O personagem bíblico Salomão é um exemplo. Filho do lendário Davi - aquele que com uma pedrada teria derrotado o gigante Golias - rei Salomão imortalizou-se pela sua sabedoria. Nunca é demais recordar a ousadia da sua sentença quando foi instado a decidir sobre a maternidade de uma criança. Sem jamais suspeitar que um dia seus descendentes iam inventar um tal de DNA, o monarca dos judeus, sem muitas delongas, descobriu a mãe verdadeira. Com o épico As minas do Rei Salomão, o cinema ajudou a consagrar a idéia de que o homem era realmente muito rico. Pena que estudos arqueológicos ponham em xeque a veracidade dessas narrativas bíblicas, lindas histórias que um dia povoaram a minha infância. Mudam os nomes, as épocas e os lugares, mas as coisas se repetem. No Brasil, por exemplo, os ricos nunca estiveram distantes do poder. É ingenuidade pensar que a situação se inverteu hoje pelo fato de o presidente ser um ex-operário - evidentemente sem a sabedoria de Salomão. O lucro desmedido do sistema bancário é prova incontestável da influência dessa gente nos destinos da nação. O agravante é a presença de um poderoso empresário na vice-presidência, teoricamente convocado para dar mais credibilidade às pretensões de Lula chegar ao poder. Abertos os intestinos do Partido dos Trabalhadores, descobriu-se que José Alencar não está ali de graça: foi, sim, um importante financiador de campanha. Todos sabem que em Alagoas as coisas não são diferentes. Aqui, desde a colonização, o poder sempre esteve nas mãos dos mais ricos, ou oligarquias, como os entendidos preferem chamá-los. A dos Malta, no início do século, é emblemática. Euclides Malta, chefe do clã, deixou obras do quilate do Teatro Deodoro, do prédio da Associação Comercial, do próprio Palácio dos Martírios, entre outras, que são verdadeiras jóias arquitetônicas. Banido da memória dos conterrâneos, até o nome que emprestava a uma praça foi retirado, hoje denominada Praça Sinimbu. Aliás, nomear edificações públicas é uma arte. Recentemente, vi-me obrigado a consultar o doutor Ib Gatto a respeito de um cidadão cujo nome batizara um logradouro. A minha curiosidade era saber qual tinha sido a contribuição do homenageado para o desenvolvimento de Alagoas. A resposta de mestre Ib foi definitiva: “Nenhuma. Era simplesmente um homem rico”. (*) É médico e professor da Ufal.

Relacionadas