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quinta-feira, 04/09/2025 | Ano | Nº 6047
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| EDUARDO BOMFIM * No excelente CD, Extremosa-rosa, de Roberto Corrêa, que se apresentou no recente festival de violeiros e repentistas, aqui em Maceió, além das belas interpretações, chamou-me a atenção o apreço do autor pelas nossas brasilidades. No pequeno livreto de apresentação da obra, Roberto valoriza, através de fotos, os personagens, a construção de Brasília, a natureza e os campos distantes dos grandes centros urbanos. São os nossos Brasis, distintos dos outros, de grandes aglomerações, principalmente no litoral, compondo cidades médias e megalópoles. Mas o compositor foi buscar em Os Sertões, de Euclides da Cunha o que ele percebia e o sentimento que desejava expressar sobre este País de paisagens surpreendentes. Dos mundos e dos homens. Características de um País continental, diverso e ao mesmo tempo um só. Ao trombar com um mundo tão diferente da sua vida de citadino, Euclides da Cunha admirou: galgando-as pelos taludes, que as soerguem dando-lhes a aparência exata de tabuleiros suspensos, topam-se, a centenas de metros, extensas áreas ampliando-se, boleadas, pelos quadrantes, numa prolongação indefinida de marés. É a paragem formosíssima dos campos gerais, expandida em chapadões ondulantes - grandes tablados onde campeia a sociedade rude dos vaqueiros... Quem assistiu ao festival, no bairro de Jaraguá, deve ter percebido o quanto a nação ainda tem que se encontrar. A riqueza de suas múltiplas variações artísticas. Lá estavam alguns cantores e compositores jovens, dessas gerações ávidas em beberem desse nosso vigor cultural, imaginando novas maneiras de expressão e criação. Estamos diante de dois imensos desafios. Sem perdermos o olho em um mundo globalizado, absorvendo o que de melhor se apresenta, reafirmar as nossas identidades. Mas o que eu constato é que nós não conhecemos inteiramente essas matas, rios, esses cerrados, esses povos, essas ?indefinidas marés? humanas e naturais. O brasileiro não conhece o seu próprio País continente. Um imenso esforço impõe-se em juntá-lo em suas diferenças. Povo que fala uma só língua e se reconhece como pertencente a uma pátria. Um caminho nacional para as maiorias. Excluídas, produtivas ou alienadas. Leio as palavras de Oscar Niemeyer completando noventa e oito anos de coerência política, ideológica, arte, afirmando: ?O ser humano se multiplica com a força da natureza. A solidariedade, a dignidade humana, vencerá?. (*) É advogado e secretário estadual de Cultura.

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