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Nº 5759
Opinião

O brilhante golpe de 1998

| Elias Jabbour * Greg Palast, jornalista americano radicado em Londres, é autor do livro A melhor democracia que o dinheiro pode comprar, no qual escreve claramente que o sonho de criança de Robert Rubin, então secretário do Tesouro dos EUA, era ser pre

Por | Edição do dia 25/12/2005 - Matéria atualizada em 25/12/2005 às 00h00

| Elias Jabbour * Greg Palast, jornalista americano radicado em Londres, é autor do livro A melhor democracia que o dinheiro pode comprar, no qual escreve claramente que o sonho de criança de Robert Rubin, então secretário do Tesouro dos EUA, era ser presidente do Brasil. A única forma para tal, segundo Palast, seria por meio de um golpe brilhante, e a oportunidade ocorreu durante o processo eleitoral brasileiro de 1998. A supervalorização do real desde 1994 era uma brincadeira de mau gosto que levou a nação brasileira para o buraco no restante da década. Convivemos em nome da estabilidade monetária e do combate a inflação com déficits comerciais vergonhosos, que destruíram boa parte de nossa indústria e o emprego. É a tal da antítese ao projeto varguista que FHC levou a cabo. Pois bem, com o capital político de ter “vencido” a inflação, FHC chegou com amplas chances de vitória nas eleições de 1998. Claro, que com a lavagem cerebral sobre a população das maravilhas da inflação zero e o chamado quilo de frango por 1 real (os mercados externos fecharam-se para esse produto naquela ocasião), tudo ficou mais fácil. A idéia de toda a sociedade é a reprodução da idéia da classe dominante, já nos alertou Marx há mais de um século. Como o “salvador da pátria” capital estrangeiro não estava muito interessado em investimentos produtivos, e tudo que se investiu aqui se traduziu em fusões, aquisições e posterior liquidação de cadeias produtivas nacionais. Não tardaria para a farsa da supervalorização vir à tona. Palast, evidencia tal movimento: entre julho de 1998 e a posse de FHC, as reservas cambiais brasileiras caíram de US$ 70 bilhões para US$ 22 bilhões. Logo a farsa estava por um triz, veio e a “quebra” do País foi adiada para quinze dias após a posse de FHC em janeiro de 1999. Para Palast, um acordo com o FMI de US$ 41 bilhões (acordo ocorrido) seguidas de exigências terrificantes colocou o País sob o controle de Rubin. O dinheiro do FMI não chegou ao Brasil, foi direto para os bancos norte-americanos numa manobra de segurança que salvou os verdadeiros anticristos da atual ordem mundial. O interessante é que pagamos uma dívida que a princípio deveria ter sido precedida de capital aplicado no País. Mas a dívida que pagamos não serviu para nada de útil, a não ser para manter o esforço de financiamento do crescimento da economia norte-americana na década de 90 do século passado. (*) É mestre em Geografia Humana pela USP.

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